Domingo, 17 de novembro de 2024
Por Carlos Alberto Chiarelli | 26 de junho de 2024
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
A memória generosa costuma nos ajudar. ELE era jovem, gordo e bochechudo. Integrava o Conselho – ou coisa parecida – do Sindicato de são Bernardo/SP.
Era o B do ABC, que estava aparecendo pelo interesse que começou a despertar a nova Instituição. Os grandes jornais começaram a ouvir a opinião dos seus dirigentes.
O movimento obreiro do ABC passou a dar opinião, fortalecendo-se com a adesão de líderes que, logo-logo, sentiram-se reforçados quando incorporaram as entidades novas, ou seja, os sindicatos de Santo André e São Caetano.
Vale registrar que na base ideológica do ABC se faziam presentes como conselheiros teóricos, os sacerdotes que mesmo jovens, já estavam vindo de um estágio em Paris onde foram endereçados especialmente a acompanhar os “padres operários” e, dessa forma, atuando na base mobilizando-se para se opor as ações do movimento socialista que fazia trabalho competitivo opondo-se ao solidarismo de Maritain e a encíclica “ De Rerun Novarum” do Papa Leão XIII.
Sindicalistas e negociadores técnicos do Governo, após uma semana, de vai e vem no espaço aéreo, São Paulo-Brasília, surpreenderam as áreas operárias e também a alta hierarquia oficial com a manchete inesperada: “ACORDO GOVERNO/ABC GARANTE AUMENTO SALARIAL E LIQUIDA A GREVE QUE NÃO ACONTECERÁ.”
E ELE estava lá, não disse nada. Entrou mudo e saiu calado. Foi suplente para (como diziam as más línguas) contar em casa que vira de perto a construção do acordo.
Parecia aluno bem disciplinado que tinha 100% de assiduidade e com isso tirava notas boas.
Comentava-se que sempre tinha ao seu lado um máster sacerdote que o ajudava didaticamente.
Aliás muito se comentava que seu conselheiro muito explicava para que ELE pudesse entender a expressão político religiosa do acordo.
É bom destacar (e por isso abrimos este parágrafo a importante participação do delegado Romeu Tuma que habilidoso no seu metier evitou que ELE pudesse ser envolvido em posicionamentos (que não os tinha definido) face à sua pouca solidez ideológica. ELE, cercando o movimento sindical era um cuidadoso pré-líder. Respeitava de maneira flagrante as orientações dos padres “franceses” e sempre misturou sindicalismo com religião e com política mesmo que não lograsse bem definir o que pensava de cada um.
Sua ação que brotava no sindicato logo o sensibilizou partidariamente. Apesar de criticar o sindicalismo corporativo não abriu mão da “fascistóide obrigação que se exigia de cobrar do trabalhador”, por parte do governo. Estranho é o fato de eleito deputado federal reitera a verdadeira “propina” doada pelo ato ditatorial do governo (contribuição sindical) que com isso fazia da maioria dos líderes, com essa gorjeta súditos oficiais.
ELE também movimentou-se como verdadeiro agente comercial facilitando que coubesse a Odebrecht empresa do peito, vender para o governo cubano a obra do porto de Havana (novecentos milhões de dólares). Aliás quem emprestou o dinheiro para Cuba pagar a Odebrecht foi o governo brasileiro ( BNDES).
Vamos salientar que ELE é muito rápido; pela sua “simpatia” provavelmente recebeu brindes valiosos da maior empresa do Brasil (Odebrecht) que se preocupou de garantir ao extenuado um merecido repouso de férias (ofereceu-lhe um apartamento triplex na luxuosa praia do Guarujá/SP que atendeu o gosto do cliente e amigo (elevador exclusivo para não se misturar com o povo quando ia ao seu apartamento. Não seria justo esquecer de salientar um outro presente natalino (segundo comentam): afinal quem pode se distrair na praia é bom que tenha também uma alternativa por isso ELE ganhou dos mesmo padrinhos generosos uma área rural á margem do rio Tietê para descansar os olhos em uma paisagem qualificada.
É só puxar pela memória e a gente recorda que tanto a justiça federal do Paraná como o tribunal em grau de recurso de Porto Alegre condenaram ELE a nove anos de prisão. Ficou só três. É bom lembrar que ELE não foi absolvido. Continua condenado.
É francamente inexplicável que um condenado por corrupção goze dessa vantagem de apenas ficar preso por três dos nove anos que deve a justiça. ELE deve ainda muito a justiça e ao povo brasileiro. Quem é ELE?
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
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