Terça-feira, 05 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 5 de novembro de 2024
Foi com Roy Cohn, o polêmico advogado que representou mafiosos de Nova York e é considerado o grande mentor de Donald Trump, que o ex-presidente dos Estados Unidos aprendeu o lema que desde então vem guiando sua trajetória: “sempre clame vitória, jamais admita a derrota”.
Trump, de 78 anos, aplicou o ensinamento não só ao contestar sua derrota nas urnas na eleição presidencial dos Estados Unidos em 2020, que perdeu para Joe Biden, mas também quando conseguiu convencer credores a perdoarem a maior parte de uma dívida de US$ 900 milhões que fez na década de 1990.
Hoje, o republicano tem uma fortuna estimada em cerca de 6,5 bilhões de dólares (cerca de R$ 32 bilhões), fruto de seu conglomerado de empresas que inclui redes de hotéis, resorts, cassinos e campos de golfes dentro e fora dos Estados Unidos. E de uma carreira como personalidade da TV, que o alçou à fama antes de se tornar presidente dos EUA, em 2017.
Mas a trajetória de Trump, que tenta voltar à Casa Branca com a eleição presidencial dessa terça-feira (5), também abarca processos judiciais, 18 denúncias de crimes sexuais, três casamentos, cinco filhos, dez netos, uma mudança de partido e muitas falas polêmicas — só nesta campanha eleitoral, ele disse que deve prender adversários políticos e colocar o Exército atrás de cidadãos dentro e fora dos EUA e prometeu a maior deportação de imigrantes na história de seu país.
Ao contrário do que já disse algumas vezes, Donald Trump não construiu sua fortuna do zero. Seus primeiros passos e milhões de dólares foram proporcionados por seu pai, Fred Trump, filho de um imigrante alemão que investiu no incipiente mercado imobiliário de Nova York na década de 1950.
Fred Trump escolheu Donald, o quarto dos cinco filhos que teve, como seu sucessor na carreira. Descartou as duas filhas meninas, e o filho mais velho, Fred Jr., morreu de um ataque cardíaco associado ao alcoolismo. Após se formar em economia na Universidade da Pensilvânia, em 1968, ele assumiu oficialmente a imobiliária da família.
Seu primeiro passo foi tentar ampliar os negócios do pai, focados em residências para famílias brancas no Queens, bairro de Nova York onde o ex-presidente nasceu, em 1946, viveu durante a infância e a adolescência. Trump filho queria construir prédios altos em Manhattan e hotéis, campos de golfe e cassinos fora dos EUA. Para isso, pegou um empréstimo de cerca de 500 milhões de dólares de seu pai, segundo o jornal “The New York Times”, e foi se firmando no mercado imobiliário da cidade ao longo da década de 1970 com construções que ele sempre batizava com o sobrenome da família.
Famílias negras
Em 1980, veio seu primeiro processo judicial: foi acusado de discriminar famílias negras em aluguéis de apartamentos em um de seus prédios. Trump, que herdou uma empresa focada em famílias brancas, negou, mas o caso ganhou repercussão, e ele foi, então, em busca de um nome forte para sua defesa.
Bateu na porta do advogado Roy Cohn, uma das figuras mais polêmicas da história recente dos Estados Unidos que acabou por se tornar o grande mentor de Trump e responsável por moldar a personalidade política do então jovem empreendedor.
No processo em que foi acusado de discriminar famílias negras, Trump chegou a um acordo, mas, seguindo o lema de Cohn, declarou vitória alegando que em nenhum momento reconheceu culpa e acusou o governo de perseguição, seguindo a estratégia de ataque que marcaria o resto de sua carreira profissional e política.
Mas este não foi o único embate de Trump com a Justiça. Décadas mais tarde, depois de o magnata virar presidente e deixar a Casa Branca, começou sua maior batalha com os tribunais.
Em 2023, ele virou réu em quatro processos diferentes, com 91 acusações no total. E mesmo que seja reeleito este ano, o republicano não se livrará dos casos — ele continuará tendo de ir a julgamento e pode até governar atrás de grades, se for condenado à prisão em algum deles.
Se reeleito, ele será o primeiro presidente já condenado na Justiça da história dos EUA. Apenas um dos processos já foi julgado, e o republicano foi condenado. Em maio de 2024, Trump se tornou o primeiro ex-presidente a ter uma condenação. As informações são do portal de notícias G1.