Terça-feira, 25 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 9 de agosto de 2023
Apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ele comandava a PRF durante as eleições de 2022.
Foto: Divulgação/Câmara dos DeputadosSilvinei Vasques, ex-diretor-geral da PRF (Polícia Rodoviária Federal) foi preso preventivamente pela PF (Polícia Federal), na manhã desta quarta-feira (9), em Florianópolis (SC), durante a Operação Constituição Cidadã, que investiga interferência no segundo turno das eleições presidenciais de 2022.
O ex-diretor da PRF chegou a Brasília, por volta de 17h. Na capital do País, ele dormirá em uma cela na Superintendência da Polícia Federal do Distrito Federal.
Apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ele comandava a PRF durante o pleito. Em 29 de outubro de 2022, um dia antes do segundo turno das eleições, Vasques publicou, em uma rede social, uma mensagem na qual pediu voto para Bolsonaro, então candidato à reeleição. A postagem foi apagada horas depois.
Durante a operação, também foram cumpridos dez mandados de busca e apreensão em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Distrito Federal e Rio Grande do Norte. Os mandados foram expedidos pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.
O ministro do Supremo afirma na decisão que a conduta narrada pela Polícia Federal é “ilícita e gravíssima”.
“A conduta do investigado, narrada pela Polícia Federal, revela-se ilícita e gravíssima pois são apontados elementos indicativos do uso irregular da máquina pública com objetivo de interferir no processo eleitoral, via direcionamento tendencioso de recursos humanos e materiais com o intuito de dificultar o trânsito de eleitores”, diz Moraes.
Silvinei Vasques
Natural de Ivaiporã, Paraná, Vasques, que pertence aos quadros da PRF desde 1995, exerceu atividades de gerência e comando em diversas áreas do órgão.
Ele foi superintendente nos estados de Santa Catarina e Rio de Janeiro, e atuou como coordenador-geral de Operações. Silvinei também exerceu os cargos de Secretário Municipal de Segurança Pública e de Transportes no Município de São José, em Santa Catarina, entre os anos de 2007 e 2008. Em abril de 2021, durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ele foi nomeado diretor-geral da PRF.
Conforme o seu currículo, disponível no site do Governo Federal à época, o ex-diretor-geral é graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); em Direito pela Universidade do Vale do Itajaí (Univali); em Segurança Pública pela Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul); e em Administração de Empresas pela Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC).
Em 25 de novembro de 2022, Vasques se tornou réu por improbidade administrativa, após ser acusado de uso indevido do cargo que ocupava, bem como de símbolos e imagem da instituição policial durante as eleições presidenciais.
Em dezembro do ano passado, Vasques foi dispensado do cargo e, no mesmo mês, a PRF concedeu aposentadoria voluntária ao ex-diretor-geral, então com 47 anos.
O caso
Segundo a PF, o objetivo da operação é esclarecer o suposto uso da máquina pública para interferir no processo eleitoral. De acordo com as investigações, integrantes da PRF teriam “direcionado recursos humanos e materiais com o intuito de dificultar o trânsito de eleitores no dia 30 de outubro de 2022”.
“Os crimes apurados teriam sido planejados desde o início de outubro daquele ano, sendo que, no dia do segundo turno, foi realizado patrulhamento ostensivo e direcionado à região Nordeste do País”, afirmou a PF.
“Os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de prevaricação e violência política, previstos no Código Penal Brasileiro, e os crimes de impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio e ocultar, sonegar, açambarcar ou recusar no dia da eleição o fornecimento, normalmente a todos, de utilidades, alimentação e meios de transporte, ou conceder exclusividade dos mesmos a determinado partido ou candidato, do Código Eleitoral Brasileiro”, acrescentou a corporação.
Durante a realização do segundo turno das eleições, em 30 de outubro, a PRF fez mais de 500 operações para fiscalizar o transporte de eleitores em diversas estradas do País, principalmente no Nordeste. A Justiça Eleitoral determinou a suspensão das blitze para não prejudicar o deslocamento das pessoas até os locais de votação.