O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou em entrevista após o debate da TV Globo desta sexta-feira (28), que irá respeitar o resultado das urnas no segundo turno das eleições presidenciais contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Não há a menor dúvida. Quem tiver mais voto leva. É isso que é democracia”, disse.
A declaração do chefe do Executivo ocorre após proposta de adiar o segundo turno ganhar adesão da família do presidente. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do presidente, sugeriu que, para haver reparação ao pai em supostos erros de veiculação de propaganda eleitoral em rádios, as eleições teriam de ser postergadas. A tentativa de adiar o segundo turno da eleição presidencial, no entanto, não foi colocada em prática diante do recuo do próprio governo.
Antes, o presidente já havia dado várias declarações lançando dúvidas sobre o processo eleitoral e as urnas eletrônicas, sem apresentar provas.
Ao ser questionado após o debate se, assim como o ministro das Comunicações, Fábio Faria, se arrependia da denúncia de supostas irregularidade em inserções do programa eleitoral, Bolsonaro disse que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) “inverteu tudo”.
“Na verdade, perdemos inserções. Apresentamos provas ao TSE. Lamentavelmente, o TSE inverteu tudo. Eu não me arrependo. O TSE investigou empresários com prints da imprensa. O TSE, se não tivesse culpa em nada, não teria demitido o funcionário da forma como demitiu”, disse.
O presidente também demonstrou confiança na vitória no domingo. “Nós vamos ganhar as eleições para continuar, não só o que fizemos, mas com a garantia de que teremos um Brasil em liberdade.”
Em vários momentos ao logo da campanha, e mesmo antes dela, Bolsonaro afirmou que só aceitaria o resultado se considerasse que as eleições foram limpas.
Minutos depois da declaração no Jornal da Globo, Bolsonaro afirmou que já fez tudo que estava ao seu alcance em relação à campanha eleitoral. “Agora é com vocês. Fui no meu limite.”
A frase ocorreu durante uma live, após o debate. A transmissão foi realizada dentro do carro, quando o atual presidente havia acabado de sair do programa, na Rede Globo.
Ele voltou a levantar a tese de manipulação das inserções de rádio e disse que estão todos contra ele, incluindo imprensa e institutos de pesquisa. O presidente também pediu votos para os candidatos a governador que estão no segundo turno e são seus aliados.
“Como diz uma passagem bíblica, né. Faça tudo o que você puder fazer, quando não der mais você entrega na mão de Deus”, disse Bolsonaro.
O presidente costuma contestar o sistema eleitoral e fazer ataques sem provas às urnas eletrônicas. No entanto, no Brasil nunca houve registro de fraude nas urnas eletrônicas, em uso desde 1996.
Ao votar no dia 2 de outubro, no primeiro turno, Bolsonaro não respondeu se aceitaria os resultados das eleições. “Com eleições limpas, sem problema nenhum, que vença o melhor”, disse, antes de votar.
No último dia 5, o presidente questionou a apuração dos votos registrada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no primeiro turno das eleições, em que acabou com 43,20% contra 48,43% do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Na ocasião, o mandatário comparou a apuração do dia 2 com a das eleições de 2014, quando a então presidente Dilma Rousseff (PT) se reelegeu por uma pequena margem de votos. Bolsonaro afirma que o atual deputado Aécio Neves (PSDB-MG) venceu o pleito, tese já rechaçada pelo próprio tucano.