Aprovado pela Comissão de Relações Exteriores do Senado para assumir a Embaixada do Brasil nos Estados Unidos, o diplomata Nestor Forster, 56 anos, é adepto de ideias como a da sustentabilidade econômica para preservação ambiental: “Quer proteger a Amazônia? Compre mais produtos do Brasil, pois isso vai gerar renda e recursos até para a preservação”.
“Temos empresas brasileiras pioneiras na área de cosméticos, fármacos, a área de piscicultura tem um potencial enorme, além de toda a área do ecoturismo”, menciona. “Penalizar a exportação de empresas brasileiras usando a Amazônia como desculpa é algo que prejudica a Amazônia.”
No ano passado, diante das queimadas e índices de desmatamento da floresta, vários congressistas norte-americanos apresentaram projetos para dificultar o comércio entre os dois países, como forma de retaliação ao País pela forma pela qual o governo de Jair Bolsonaro trata as questões ambientais.
Ainda conforme o futuro embaixador, a política ambiental de Bolsonaro leva em conta que 25 milhões de brasileiros vivem na Amazônia, região com o mais baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do País. “Não podemos cercar a Amazônia e transformá-la em um imenso parque para que europeus e americanos ricos passem suas férias. Temos que pensar nestes compatriotas que estão lá, dar a eles oportunidade de emprego, melhor renda, serviços públicos de melhor qualidade. E isso vem com projetos sustentáveis”.
Bolsonaro & Trump
Forster diz que tem “um desafio enorme para dar forma concreta a esta imensa energia” na relação entre os presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump: “Queremos promover uma aproximação do Brasil em áreas como comércio e investimentos, atrair mais investimentos americanos para o Brasil, gerar mais emprego e renda aqui para os brasileiros.
“Ter maior acesso ao mercado norte-americano é algo que pretendemos perseguir como objetivo de médio prazo. E a coisa que podemos fazer mais rapidamente é na facilitação de negócios, de reduzir os elementos do custo-Brasil”.
Vinhos brasileiros
“Conversei com todas as principais vinícolas brasileiras, as da Região Sul e também as do Vale de São Francisco, o prefeito de Petrolina (PE) inclusive esteve na embaixada. Precisamos ampliar a presença do vinho brasileiro, não apenas como “enfeite diplomático”, mas com uma presença comercial”, salienta.
“A nossa ideia é fazer um grande evento de degustação de vinho brasileiro em Washington no segundo semestre e levar os produtores para entrar em contato com os distribuidores locais. É um setor com valor agregado, que gera emprego e renda. Vamos tornar uma rotina servir produtos brasileiros, começando pelo vinho, em nossos eventos da embaixada”, prossegue.
Eleições nos EUA
“Parte da agenda que o senhor prevê para este ano pode ser afetada pelas eleições americanas?”, questionou a ele o jornal “O Globo”. A resposta: “De forma alguma. Isso introduz um elemento de certa complexidade, mas a relação entre os países não deve parar e não podemos perder este “momentum” que foi gerado pela excelente relação entre os dois presidentes”.
Sobre uma eventual troca de poder, com derrota de Trump, Forster acredita que ainda é muito cedo para especular sobre essa hipótese e possíveis desdobramentos: “Os elementos que vão definir o futuro da campanha eleitoral americana não estão dados ainda. O papel da diplomacia é procurar esclarecer a realidade, os fatos, os dados. Não estamos em Washington para fazer propaganda para o Brasil e nem para distorcer nada”.