O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira (10), em entrevista à CNN norte-americana, que Jair Bolsonaro (PL) deve ser julgado da forma “mais democrática possível”, tendo o direito à presunção de inocência.
“Eu sempre trabalho com a ideia de que todo mundo tem direito à presunção de inocência. Ele tem o direito de se explicar para a sociedade e tem o direito de ser julgado da forma mais democrática possível, da forma que eu não fui”, disse.
“Eu quero para ele a presunção de inocência que eu não tive. E nem por isso eu estou preocupado. Eu quero que ele seja julgado de acordo com a lei”, complementou. O chefe de Estado destacou que “um dia” Bolsonaro deverá voltar ao Brasil — o ex-presidente foi para os Estados Unidos antes do final do mandato, onde está até hoje –, e enfrentar os processos que recaem contra ele.
Lula reafirmou que o ex-mandatário deve ser condenado por genocídio e que mais da metade das mortes por Covid-19 no país aconteceram por irresponsabilidade do governo. Além disso, pontuou que Bolsonaro teria incentivado garimpeiros ilegais e seria responsável também pelo que classificou como genocídio indígena contra os Yanomami.
Porém, o petista, quando perguntado se pediria extradição do ex-presidente, disse que isso cabe à Justiça brasileira, e que só falaria do assunto com o presidente dos EUA, Joe Biden, com quem se reuniu nesta sexta, se isso fosse levantado pelo americano.
“Não tem chance”
Em outro ponto da entrevista, Lula afirmou que Bolsonaro “não tem nenhuma chance de voltar a Presidência da República. Agora vai depender da nossa capacidade de construir a narrativa correta do que ele representou para o Brasil, porque essa extrema-direita está no mundo inteiro”.
Segundo explicou, foi feito uso de Fake News de uma maneira com a qual não souberam “combater com igualdade de condições” e que nem todas as pessoas que votaram no ex-chefe de Estado são bolsonaristas. Ainda sobre a produção de notícias falsas, o petista avaliou que elas são usadas pela extrema-direita no mundo todo como se fossem ferramentas para política e para falar com as pessoas, o que deve ser combatido.
Além disso, afirmou que a divisão política acontece em diversos países, como nos EUA, mas que, quando se ganha, é necessário governar para todos. “Eu não quero saber se o prefeito de uma cidade foi o governador do Estado é bolsonarista. Eu quero saber se ele está interessado em ajudar a resolver o problema do povo brasileiro. Se ele tiver, que venha”.