Terça-feira, 25 de fevereiro de 2025
Por Dad Squarisi | 3 de outubro de 2020
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
As pessoas só morrem quando deixam de ser lembradas. Por isso grandes artistas permanecem vivos graças à obra que legaram ao mundo. Não por acaso membros da Academia Brasileira de Letras são chamados de imortais. O argentino Quino foi pro céu na quarta-feira. Deixou na Terra sua mais preciosa criação – Mafalda, a questionadora garotinha de 6 anos que faz os adultos ficarem com cara de bobos.
Ela nasceu em 1962 para uma campanha publicitária. A personagem deveria ter no nome a sílaba Ma porque o patrocinador era a firma Mansfiel. A propaganda foi recusada. Mafalda então virou tirinha e conquistou os cinco continentes. Frases marcantes a eternizaram. “Cuidado! Irresponsáveis trabalhando”, disse ela ao ver a destruição de florestas.
Seis frases da Mafalda
“Viver sem ler é perigoso. Te obriga a crer no que te dizem.”
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“Mais do que um planeta, este é um imenso cortiço espacial.”
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“Temos homens de princípios, pena que nunca os deixam passar do princípio.”
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“E por que, havendo mundos mais evoluídos, eu tinha que nascer bem neste?”
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“Não é verdade que o passado foi melhor. O que acontecia era que os que estavam na pior ainda não se haviam dado conta.”
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“E esses direitos… vamos respeitá-los, hein? Não vai acontecer como com os 10 mandamentos!”
Delícia
Dizem que jabuticaba é 100% brasileira. Será? Pelo sim, pelo não, vale lembrar que jabuticaba e uva têm dois pontos comuns. Um: são deliciosas. O outro: se escrevem com u.
Cidadão
O assunto do momento? É o programa Renda Cidadã. Com ele, a palavra cidadão ganhou espaço na mídia e nas conversas de gente como a gente. Um grupo do WhatsApp discutiu o plural do vocábulo. Alguns apostaram em cidadãos. Outros, em cidadões. Apareceu ainda cidadães.
E daí? A turma fez o mais acertado: consultou o dicionário. O Aurélio não fala no assunto. O Houaiss vai direto ao ponto. Diz que o plural de cidadão é simples como o plural de mão. Basta acrescentar um s — cidadãos, mãos.
Surpresa
Ops! Na consulta, descobriram que o feminino é generoso. Tem duas formas: cidadã e cidadoa.
Memória curta
Outra do Paulo Guedes — usar verba da Educação pra financiar o Renda Cidadã. Parlamentares puseram a boca no mundo. O jornal publicou a grita: “Superrricos é que deveriam financiar”. Bobeou. Esqueceu regra de ouro no emprego do hífen com os prefixos. Duas letras iguais provocam curto-circuito. O tracinho evita tragédias: contra-ataque, sub-bloco, super-ricos.
Metáforas
Outubro chegou. Com ele, referência a datas comemorativas. Uma delas circula na internet: “Que neste 2 de outubro deixemos de ser tão 12 de outubro e sejamos mais 7 de setembro, pois só com muito 1º de maio o nosso Brasil não será um eterno 1º de abril.”
Viagem literária
“É nas páginas de um livro que podemos viajar sem sair de casa e conhecer a alma humana”, escreveu Cora Coralina. Pintou a questão: o emprego do “é que” está correto? Está. A língua deu a vez a penetra pra lá de ousado.
Trata-se da partícula é que. A intrusa é invariável. Expletiva, pode ser jogada fora: Onde (é que) você mora? Quem (é que) sabe a resposta? Nós (é que) somos patriotas. (É) nas páginas de um livro (que) podemos viajar sem sair de casa e conhecer a alma humana.
O xis da questão
E daí? Sem a expletiva, o enunciado mantém-se correto. Mas perde ênfase. Ficar com ela? Livrar-se dela? É preferência de cada um. O resultado não muda. É acertar. Ou acertar.
Leitor pergunta
Quando usar a locução “a não ser”? – Célia Barga, São Luís.
A não ser e equivale a salvo, senão, exceto. É invariável: Nada sobrou da festa a não ser frutas. Nada sobrou das queimadas a não ser carcaças, destruição e morte.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.