Quarta-feira, 23 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 22 de novembro de 2019
Morreu na manhã desta sexta-feira (22), em Miami (EUA), o rabino Henry Sobel, 75 anos. Ele não resistiu a complicações associadas a um câncer no pulmão. O sepultamento será realizado no domingo (24), em Nova York. O rabino deixa a esposa e uma filha.
Rabino emérito da Congregação Israelita Paulista, Sobel teve forte atuação na defesa dos direitos humanos no Brasil. Quando o jornalista Vladimir Herzog foi assassinado, em 25 de outubro de 1975, o jovem rabino Sobel não engoliu a versão oficial do regime militar. Enfrentando pressões, realizou o enterro do jornalista, se recusando a aceitar a alegação de suicídio.
Dias depois, Sobel liderou, junto com Paulo Evaristo Arns, então arcebispo de São Paulo, e Jaime Wright, pastor presbiteriano, o célebre ato ecumênico em homenagem a Herzog. A Catedral da Sé, em São Paulo, ficou lotada e uma multidão tomou conta da praça, em um silencioso e contundente protesto contra a ditadura.
Sobel também ficou marcado pelo episódio das gravatas, quando, em 2007, foi detido por causa do furto em uma loja nos EUA. “Trinta e sete anos e puf! Fiz o impensável”, desabafou, trêmulo, em um filme sobre a sua trajetória lançado em 2014.
À época, sofrendo de depressão e confuso com a medicação, o rabino encarou o precipício: foi afastado da direção da Congregação Israelita Paulista e passou a ser execrado e ridicularizado.
Segundo um dos depoimento no filme, setores conservadores do judaísmo, sempre insatisfeitos com a atuação aguerrida de Sobel, aproveitaram o episódio para tirá-lo de cena. O rabino trocou São Paulo por Miami em 2013, após ter passado quase quatro décadas no Brasil.
Federação Israelita
A FIRS (Federação Israelita do Rio Grande do Sul) lamentou em nota a morte do rabino Henry Sobel. Confira:
“A FIRS – Federação Israelita do Rio Grande do Sul lamenta a morte do rabino Henry Sobel, na manhã desta sexta-feira, em Miami (EUA), em decorrer de complicações causadas por um câncer. O rabino foi um grande defensor dos direitos humanos no Brasil. Destacou-se na busca pelo esclarecimento do assassinato do jornalista Vladimir Herzog, de origem judaica, cometido pelos órgãos de repressão em São Paulo, em 1975.
Prestamos nossa solidariedade aos familiares e amigos. Sua forte atuação será sempre lembrada pela FIRS e toda comunidade judaica.”