Quarta-feira, 17 de dezembro de 2025
Por Redação O Sul | 19 de junho de 2015
“O entusiasmo londrino venceu o tempo.” A cena relatada em 2 de junho de 1953 é típica de um país de clima cinzento e povo apaixonado pela realeza. No Palácio de Buckingham (Inglaterra), Elizabeth Alexandra Mary, 26 anos, enfim assumia formalmente o trono, 15 meses após a morte do pai, Jorge VI. Mais de 3 milhões de londrinos acompanharam a procissão da coroação, e jornais de todo o mundo celebravam – assim como hoje, quando qualquer acontecimento envolvendo os Windsor rapidamente se torna um fenômeno global.
Naquele 2 de junho, cada aspecto envolvendo a cerimônia era cuidadosamente narrado: a vestimenta da rainha, os festejos ao redor da Comunidade Britânica, a “polêmica” pela ausência de seu tio, o ex-rei Eduardo VIII, que abdicara em 1936.
“A rainha é tão popular porque o povo enxerga nela o sentido de dever e de tradição. A coroação marcou um período de grande avanço para o país. No pós-guerra, houve muito racionamento e o país era austero. Ela alcançou um sucesso inédito com apenas 26 anos. É curioso pensar quantos dos 16 países da Comunidade Britânica vão se livrar da monarquia quando ela morrer. Será muito difícil ter uma figura como Elizabeth, imparcial e acima da política, o que Charles não consegue ser”, avalia Phil Dampier, jornalista que acompanha a realeza há três décadas, publicando livros sobre o tema.
A figura poderosa de Elizabeth II surgiu com a cerimônia aos 26 anos, em meio ao luto nacional pela morte precoce do pai e um império cada vez mais fragmentado pela saída de antigas colônias.
O Brasil, aliás, recebeu uma visita histórica de Elizabeth II: em novembro de 1968, a rainha inaugurou o Museu de Arte de São Paulo e ainda lançou a pedra fundamental da Ponte Rio-Niterói.
Mais de 62 anos depois, mesmo com o afrouxamento do papel da monarquia, Elizabeth II se mantém como um pilar central e conservador em meio a um contexto de grandes mudanças. Apesar de os governos não precisarem mais prestar juramento à rainha, nenhum deles pensou em abandonar o protocolo.
Mas a monarca e a família real não ficaram sempre incólumes aos novos tempos. O prestígio dos Windsor foi minado por escândalos e momentos difíceis, como o rumoroso divórcio de Charles e Diana, cuja morte em um acidente de carro em 1997, em Paris (França), abriu uma crise sem precedentes na moderna relação da realeza com o povo. Acusada de reagir com frieza à tragédia, a rainha teve de vir a público e mostrar que também compartilhava a dor dos britânicos.
Casamento.
Fora esse período, poucas polêmicas abalam o efeito avassalador do Palácio de Buckingham. O casamento de William com Kate Middleton trouxe novamente à mídia a mística da realeza. Depois, a imagem foi mais refrescada com os anúncios da gravidez e o nascimento do príncipe George. Nas últimas semanas, fotos dele com a irmãzinha, Charlotte, se tornaram o tema mais falado do Twitter em menos de 20 minutos.
“Buckingham, hoje, é quem dá as cartas. Os jornais estão em baixa na cobertura real após a morte de Diana, além dos recentes escândalos de invasões telefônicas. É uma era de ouro para eles, com boa publicidade e quase nenhum grande problema”, acredita Dampier. (Breno Salvador/AG)