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Raspadinha voltará pela Caixa com prêmio de até R$ 2 milhões

Repaginada, ela terá modelo em papel e versão virtual. (Foto: Divulgação)

Depois de oito anos de sumiço, a “raspadinha” deve voltar a despertar o interesse dos apostadores na lotéricas. A Caixa Econômica Federal finaliza os detalhes para lançar ainda neste semestre a loteria instantânea, que será operada pela Caixa Loterias. A subsidiária da instituição passará a gerir todos os jogos do banco, incluindo os que o apostador tenta prever os números sorteados, como Lotofácil, Quina, Mega-Sena e Loteria Federal, hoje operados diretamente pela Caixa, além da raspadinha. A Caixa também vai entrar no mercado de apostas on-line, as chamadas bets.

A decisão de reforçar a Caixa Loterias foi tomada pelo Conselho de Administração do banco na última semana. A diretora-presidente da subsidiária, Lucíola Vasconcelos, contou que a raspadinha voltará em grande estilo e repaginada, com novas faixas de prêmios. Os detalhes do anúncio estão sendo fechados.

“Há uma grande expectativa em torno da raspadinha, uma das apostas mais populares do mundo”, disse Lucíola.

Será possível raspar o bilhete de forma manual nas lotéricas, como no passado, e também de forma virtual, usando uma ferramenta do celular, que simula um dedo raspando a superfície.

Segundo técnicos a par das discussões, o bilhete vai custar entre R$ 2,50 e R$ 20. O prêmio será proporcional ao custo da aposta e vai variar entre R$ 2,50 e R$ 2 milhões. Pela legislação, prêmios acima de R$ 2.259 só podem ser resgatados nas agências da Caixa.

Mercado de apostas

O segundo passo será a entrada do Caixa Loterias no mercado de sporting bets, dominado por empresas internacionais e que começou a ser regulamentado no país. A estratégia da Caixa é adotar modelo vigente em Portugal e permitir que, além de apostas on-line, os apostadores possam arriscar seus palpites em pontos fixos, nas casas lotéricas.

Segundo Lucíola, as modalidades raspadinha e bets são as mais populares do mundo, respondendo por 48% da arrecadação com jogos. Para a diretora da Caixa Loterias, há enorme potencial nesses dois nichos, considerando a baixa participação dos jogos no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, de apenas 0,21%.

Com uma população de 215 milhões, o Brasil arrecada por ano R$ 18 bilhões com jogos, de acordo com pesquisa da Caixa. Com cerca de 10 milhões de habitantes, Portugal arrecada o mesmo com as apostas, que respondem por 1,17% do PIB, destacou Lucíola. No Uruguai, o percentual é de 0,39%, 0,46% na Argentina e 0,96% na Espanha.

Segundo pesquisas do banco, as bets movimentam no país entre R$ 40 bilhões e R$ 70 bilhões. Lucíola destaca que o jogo no Brasil tem função social relevante, pois 48% do valor arrecadado é direcionado a políticas sociais, como cultura, esportes e segurança pública.

Em 2023, a Caixa arrecadou R$ 23,4 bilhões com as loterias. Com a volta da raspadinha, a Caixa estima um crescimento de pelo menos 20% na arrecadação com loterias.

Prejuízo de R$ 8 bilhões

Com as tentativas frustradas dos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro de vender a Lotex (loteria instantânea, o nome formal da raspadinha), a Caixa ficou oito anos fora da modalidade e deixou de arrecadar R$ 8 bilhões nesse período. Eram comercializados entre 70 milhões e 80 milhões de bilhetes por ano.

A Caixa comercializou a raspadinha entre os anos 1960 e 2015, quando o modelo de apostas foi suspenso por determinação da Controladoria-Geral da União (CGU), que contestou a legalidade da forma como vinha sendo feito no País.

Em 2018, mudanças legais permitiram que o serviço fosse repassado à iniciativa privada e retomado. Após realizar dois leilões que não atraíram interessados e de flexibilizar suas exigências iniciais, o governo federal conseguiu repassar a um consórcio o direito de explorar o serviço por 15 anos.

Contudo, a empresa desistiu após considerar que o serviço só seria viável se assinasse um contrato de distribuição com a Caixa, o que nunca ocorreu. A logística é importante porque o bilhete só pode ser validado no ponto de venda, para evitar o uso das raspadinhas obtidas num furto a um caminhão de distribuição, por exemplo.

 

 

 

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