Foram 82 dias com os portões fechados por conta do novo coronavírus, algo que não acontecia desde a Segunda Guerra Mundial. Mas, neste sábado, 6 de junho, o Palácio de Versalhes volta a receber visitantes. Serão admitidos apenas moradores da França, já que as fonteiras internacionais do país permanecem fechadas, a princípio até o dia 15 de junho. Ainda assim, é um grande passo para a “normalização” do turismo no país.
Versalhes será a primeira grande atração turística da região de Paris a reabrir as portas. Em 23 de junho será a vez do Museu d’Orsay. O Grand Palais (com uma grande exposição sobre as ruínas de Pompeia, na Itália) e o Centre Pompidou reabrirão em 1º de julho. E a tão aguardada reabertura do Museu do Louvre está prevista para 6 de julho. Já o Museu Picasso só voltará a receber visitantes na terceira semana de julho. Ainda não há previsão para a reabertura da Torre Eiffel.
A reabertura do museu e dos jardins do complexo, construído no século XVII pelo “Rei Sol”, Luís XIV, só será possível com uma série de medidas de segurança sanitária. Uma delas é reduzir para 500 o número de visitantes diários (antes da pandemia eram cerca de 4.500).
O uso de máscaras é obrigatório e algumas áreas, como o Petit Trianon e os aposentos reais, só terão acesso com visitas guiadas, o que ajuda a controlar o fluxo de pessoas e evitar aglomerações. Pontos de distribuição de álcool em gel estarão espalhados pelas áreas visitáveis.
Uma grande questão que se levanta sobre o retorno do turismo na França (o país mais visitado do mundo, com 89 milhões de pessoas em 2019), neste primeiro momento de afrouxamento do isolamento social, é como a ausência dos viajantes estrangeiros irá refletir nas receitas das atrações.
Versalhes é um bom exemplo disso. Oitenta por cento dos oito milhões de visitantes no ano passado eram de outras nacionalidades. Desse total, 30% eram dos Estados Unidos ou da Ásia. Mas o problema poderá começar a ser minimizado a partir de 15 de junho, data que está sendo estudada pelo governo francês para a reabertura das fronteiras com outros países da União Europeia.
Pandemia controlada
A epidemia da Covid-19 está “sob controle” na França e a possibilidade de o país decretar um novo confinamento da população é “extremamente baixa”, mesmo que haja uma segunda onda, disse nesta sexta-feira, 5, o presidente do comitê científico que aconselha o governo, Jean-François Delfraissy. A Organização Mundial da Saúde (OMS), contudo, alertou que o risco “não acaba até que vírus não esteja em qualquer lugar do mundo”.
Em entrevista à rádio France Inter, Delfraissy reconheceu que o vírus “continua circulando”, especialmente na região de Paris, mas o faz “em velocidade lenta”, o que reduziu drasticamente o número de infecções diárias.
No momento mais dramático da pandemia em março, cerca de 80.000 novas infecções eram detectadas por dia. Agora, em média, são 1.000 casos diariamente, segundo o professor, que destacou essa “redução significativa”. Junto com ela, Delfraissy afirmou que o país se equipou com “os meios para detectar novos casos”.
“Temos os testes, temos um sistema de isolamento e detecção de pessoas infectadas que nos permite evitar a propagação”, disse o cientista, que chefia o comitê que aconselha o governo. Esse grupo de cientistas identificou quatro cenários para a evolução da pandemia, que vão desde seu controle, no qual Delfraissy coloca atualmente o país, até uma “degradação crítica” que assolou as autoridades, como aconteceu em março.
Ela salientou que o cenário mais possível para a França é o primeiro, no qual a pandemia está sob controle, como é atualmente graças ao confinamento e que “parece que o vírus é sensível a uma certa temperatura”.