Quinta-feira, 14 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 28 de novembro de 2017
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Sempre que saem na mídia reportagens mostrando a precariedade das condições das escolas públicas estaduais que estão espalhadas pelo município de Porto Alegre, eu me pergunto: o que mais falta acontecer nesses locais para que uma mudança radical de administração seja implementada, ou pelos menos testada em algumas escolas?
Exemplifico meu questionamento. Estive em contato com a realidade de uma dessas escolas, na qual fui recebida para uma palestra em um auditório sem energia elétrica, pois só neste ano houve 11 arrombamentos no local.
Nota-se que os próprios professores ficam muito chateados com as condições, afinal, eles escolheram tal carreira, mas o mínimo que esperavam era condições de poder desempenhar seus papéis.
A sugestão de mudança radical à qual me referi no início do texto é um sistema de vouchers (vales-escola) para educação. Ele funcionaria permitindo que o aluno ou sua família escolham o local onde se quer estudar, dentre as escolas de propriedade e administração privadas, porém, contando com auxílio do governo. Seria como uma bolsa de estudos exclusivamente para educação e seguindo o modelo pró-mercado de sucesso em outros países que implementaram tal medida. Se isso fosse posto em ação com pelo menos alguns alunos da rede pública como forma de teste, o quanto avançaríamos?
A começar pela melhora de serviços básicos como limpeza, fornecimento de materiais escolares, segurança, que, atualmente, na rede pública, exigem a burocracia das licitações, sem que se consiga cobrar qualidade. Praticamente tudo poderia ser cobrado de forma diferente, para que efetivamente funcionasse a contento. Até a exigência de comparecimento do “tio do bar”, como nessa escola na qual estive, que chegava a ser chamado de “tio surpresa”, porque nunca se sabia quando ele ia aparecer para vender lanches para os alunos e professores. Certamente haverá redução dos gastos públicos com educação, além de melhoria no serviço prestado como um todo. Relação ganha-ganha, como acontece no vizinho Chile, que usa esse sistema e tem os melhores índices educacionais de toda a América Latina. Tudo isso aliado à satisfação de um aluno de baixa renda por ter uma escola em boas condições, com professores motivados, que podem ajudar o Brasil a percorrer de forma mais breve o longo caminho rumo a um sistema educacional de qualidade.
Theodora Cioccari é engenheira e associada do IEE
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