Quinta-feira, 12 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 8 de dezembro de 2024
Grupos rebeldes de oposição ao presidente da Síria, Bashar al-Assad, afirmaram que o país está “livre do ditador”. Na madrugada desse domingo (8), as facções lideradas pelo grupo islâmico fundamentalista HTS (Hayat Thrir al-Sham) tomaram o controle da capital Damasco e afirmaram que o presidente fugiu.
Os rebeldes fizeram uma declaração transmitida ao vivo pela televisão nacional Síria afirmando que o “tirano al-Assad foi derrubado”. Uma das primeiras medidas do grupo foi libertar todos os prisioneiros da principal prisão em Damasco.
“A cidade de Damasco foi libertada. O tirano Bashar al-Assad foi derrubado. Todos os prisioneiros foram libertados da prisão. Desejamos que todos os nossos combatentes e cidadãos preservem e mantenham a propriedade do estado da Síria. Vida longa à Síria”, disse o líder do grupo, durante a transmissão.
Segundo o portal sírio Aljazeera, o primeiro-ministro do país, Mohammad Ghazi al-Jalali, declarou apoio aos rebeldes. Ele afirmou que o governo estava pronto para “estender a mão” à oposição e entregar suas funções a um governo de transição.
A família al-Assad governou a Síria por 50 anos. Bashar al-Assad herdou a presidência do país do seu pai, Hafez al-Assad, em 2000. Estava há 24 anos no poder.
A Rússia atuou como aliada de al-Assad no conflito histórico. Ao The Wall Street Journal, a pesquisadora do Carnegie Endowment for International Peace, Nicole Grajewski, afirmou que o apoio de Putin tornou-se crucial para a sobrevivência de Assad. Segundo ela, para Putin, a Síria “também foi um projeto ideológico”.
“Ver aviões russos deixando a Síria enquanto forças rebeldes avançam em direção às suas bases aéreas e os ativos em Damasco caem seria devastador para a imagem que a Rússia tem de si mesma”, disse Grajewski.
Além disso, o território sírio tem valor estratégico para o país de Putin. A base aérea de Khmeimim, próxima à cidade costeira de Latakia, serve como um centro logístico para voos para a Líbia, República Centro-Africana e Sudão.
Durante a guerra civil síria, a Rússia foi um dos maiores exportadores de armas do mundo, tendo o Irã como principal cliente. No entanto, a concentração da Rússia no conflito com a Ucrânia tem limitado sua capacidade de apoiar Assad.
Guerra civil
Grupos extremistas opositores ao presidente Bashar al-Assad retornaram de modo repentino com o conflito armado depois de anos de estagnação da guerra civil iniciada em 2011. O uso de armamento militares avançados, como drones, deram apoio ao avanço dos extremistas em cidades importantes estrategicamente da Síria.
Internacionalmente, o presidente Bashar al-Assad, apesar de opositor de potências mundiais e ser acusado de ferir os direitos humanos, foi tido ao longo dos últimos anos como capaz de estabilizar a segurança do país e coibir o crescimento de “grupos terroristas”.
Dentre os diversos grupos armados sírios que lutam contra o regime de Al-Saad, destaca-se o grupo islâmico fundamentalista HTS (Hayat Thrir al-Sham), que nasceu em 2011 como um grupo filiado à Al Qaeda do Iraque e com ideologia jihadista, ou seja, que defende uma “guerra santa” para instituir a Sharia, a lei islâmica. O regime de Assad, por outro lado, é secular, ou seja, separa o governo da religião.