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Colunistas Recado

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(Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

“Escritores fazem bem ou fazem mal. Depende de quem os leia.”

Daniel Piza

Maradona no céu

Com a camiseta da seleção argentina, Marona chega ao céu. Fernando Vanucci lhe abre a porta. Diego entende logo. O jornalista esportivo foi na frente pra obter um furo. Faria a primeira entrevista do craque.

A palavra que surgiu foi ídolo. Deus, que estava na plateia, teve uma dúvida. Disse baixinho a Nelson Rodrigues, sentado ao lado: “Estudei português há muito tempo, lá pelo século 12. Ando meio esquecido. Tenho escutado ídola. É esquisito, não?

Mesmo time

Nelson deu uma gargalhada gostosa e explicou: “Ídolo joga no time de vítima, criança, pessoa, criatura, indivíduo, gênio, anjo, testemunha, defunto & cia. Todos têm o mesmo gênero para o masculino e feminino. A pessoa, a criança, o defunto podem se referir a homem e a mulher. Como contornar a enrascada?

Saída

Impõe-se distinguir o gênero. É fácil. Basta fornecer indicações que esclareçam o ouvinte ou o leitor: A criança que sofreu o acidente é uma menina de 3 anos. A criança que ganhou a partida é um menino de 8 anos. A apresentadora Xuxa foi ídolo da meninada.

 Mais: A testemunha João da Silva estava atenta. A testemunha Maria Souza chegou com atraso. Fernanda Montenegro é ídolo dos amantes do teatro. Pelé é ídolo dos esportistas. Meu neto é um anjo. Minha neta é um anjo. Bibi Ferreira foi monstro dos palcos. Paulo Autran foi outro monstro.

 Às escuras

O Amapá sofreu apagão ou blecaute? São duas nacionalidades. Apagão é espanhola. Blecaute, inglesa. Ambas dizem a mesma coisa e fazem os mesmos estragos. Apagam a luz, descongelam o freezer, deixam os noveleiros a ver navios. Valha-nos, Deus!

Mega

O apagão foi tão sério que a imprensa o chama de mega-apagão.  Assim, com tracinho. Mega obedece à regra dos prefixos. Pede o hífen em duas ocasiões:

  1. Quando seguido de h:mega-história, mega-homenagem, mega-higiene.
  2. Quando duas letras iguais se encontram. No caso, mega termina coma. Caso se encontre com outra, ocorre curto-circuito. O hífen evita a tragédia: mega-abraço, mega-apagão, mega-acontecimento.

No mais, é tudo colado: megaoperação, megaespetáculo, megassistema, megarretrato, megablecaute.

Favas contadas

Sabia? A expressão favas contadas tem tudo a ver com eleições. Foi há muuuuuuuito tempo. No Império, o voto eram favas. As brancas diziam sim. As pretas, não. Na apuração, separavam-se as cores. Venciam as que tinham o maior número. Sem choro nem vela.

Com o tempo, a duplinha abandonou as urnas, bateu asas e voou. Ganhou a boca do povo e novos empregos. Mas manteve fidelidade ao significado original. Favas contadas é fato consumado: A eleição de Biden são favas contadas. Trump dizia que sua reeleição eram favas contadas. Enganou-se. Hoje há segundo turno em várias cidades. Alguma fava contada?

Sem confusão

E-mails, bilhetes & cia. mensageira têm compromisso com a precisão. Atenção à palavra certa na hora certa. Empregar o vocábulo adequado pega bem como respeitar a vaga destinada a deficientes e idosos. É o caso de ao contrário e diferentemente:

Ao contrário é contrário mesmo, o oposto — sair e entrar, morrer e viver, ficar em casa e ir pra rua: Ao contrário do informado, o paciente não sobreviveu. Morreu.

Diferentemente significa de forma diferente: Diferentemente do divulgado, o brinquedo custa R$ 50, não R$ 500.

Leitor pergunta

“Voltar atrás” é pleonasmo?

Serah Silva, Boa vista

Não. O verbo voltar só adquire o significado de retroceder se estiver acompanhado do atrás. É diferente do subir pra cima e descer pra baixo. Subir é sempre pra cima. Descer pra baixo. Mas voltar nem sempre é retroceder.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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