O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que manterá uma relação de “reciprocidade” com os Estados Unidos, caso o presidente Donald Trump decida por taxar os produtos brasileiros no país. A declaração foi feita nessa quinta-feira (30), em conversa com jornalistas.
“É muito simples, se ele taxar os produtos brasileiros, haverá reciprocidade do Brasil em taxar os produtos que são exportados para os Estados Unidos. Simples”, disse Lula.
A fala de Lula diz respeito a uma determinação de Trump, no dia 20 de janeiro, quando afirmou que cobrará e taxará outras nações para enriquecer os EUA, prometendo uma revisão do sistema comercial.
As exportações brasileiras para os Estados Unidos somaram US$ 40,3 bilhões em 2024, o maior valor já registrado na história comercial entre os 2 países. O volume exportado também bateu recorde, com 40,7 milhões de toneladas, aumento de 9,9% em relação a 2023.
No último domingo (26), por exemplo, o presidente republicano ordenou tarifas de 25% contra a Colômbia, após o país sul-americano se recusar a receber voos militares com pessoas deportadas.
“Ele [Trump] só tem que respeitar a soberania dos outros países. Ele foi eleito para governar os Estados Unidos da América do Norte e os outros presidentes foram eleitos para governar os seus países. É isso, civilidade”, afirmou Lula.
Acordo de Paris
No dia da posse de Trump, em 20 de janeiro, o presidente brasileiro parabenizou o republicano pelas redes sociais, desejando um mandato “exitoso”. Nessa quinta-feira, foi, no entanto, a primeira vez que Lula falou publicamente sobre o novo governo dos Estados Unidos, aproveitando, inclusive, para criticar algumas das medidas adotadas.
Dentre elas, citou a saída dos Estados Unidos do acordo de Paris e também da Organização Mundial da Saúde (OMS), anunciadas pelo presidente republicano no mesmo dia em que assumiu a presidência.
“Acho que isso, de descumprir o Acordo de Paris e não dar dinheiro para o OMS, é uma regressão a civilização humana”, disse Lula.
O presidente do Brasil disse não ter nenhum interesse de contato direto com Trump no momento, esperando apenas que seja estabelecida uma relação de “estado soberano com estado soberano”.
“Eu quero respeitar os Estados Unidos e quero que o Trump respeite o Brasil. É só isso, se isso acontecer, está de bom tamanho”, afirmou.