Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Cláudio Humberto | 24 de março de 2020
A Receita Federal do Brasil ainda não se mostrou sensível às dificuldades geradas pela pandemia do coronavírus, em relação ao adiamento ou suspensão dos prazos para entrega das declarações de Imposto de Renda deste ano. Ainda está matutando, enquanto os prazos correm. Questionada nesta segunda-feira, a confirmou apenas que “está avaliando”. Lacônica, sua assessoria informa: “Não há definição”.
IR em maio
O secretário da Receita, José Tostes, recebeu no dia 20 um pedido do Sindicato dos Auditores Fiscais para ampliar o prazo para 31 de maio.
Coronavírus dificulta
Segundo o Sindifisco, a pandemia do vírus e as medidas impostas para combate-lo podem dificultar o recolhimento de documentos do IR.
Vai-e-vem
O secretário José Tostes teve de desmentir informações de que o prazo foi prorrogado. A negativa foi interpretada como definitiva. Só que não.
6 milhões já declararam
Apesar das dificuldades, a Receita já recebeu cerca de 6 milhões de declarações e deve receber mais 26 milhões até o fim do prazo.
Prorrogação expõe inutilidade da Justiça Eleitoral
Uma das maiores vantagens da “coincidência de mandatos”, a partir de 2022, com eleições somente a cada quatro anos, é reabrir o debate sobre a extinção da Justiça Eleitoral, jabuticaba brasileira que nos custa R$6 bilhões por ano. Já se conversa no Congresso sobre o adiamento das eleições de outubro, em razão do coronavírus, e a prorrogação de mandatos por alguns meses, até que a pandemia desapareça. Ou até 2022, como pretende proposta de emenda que tramita no Congresso.
Campanha não dá
A alegação pelo adiamento das eleições é a impossibilidade de fazer campanha, comício, corpo-a-corpo, beijar criancinhas etc.
Sem horário gratuito
Bolsonaro defende a coincidência de mandatos de presidente a vereador a cada 4 anos. O cancelamento do horário gratuito é outra vantagem.
Fundão de menos
O fim de eleições a cada 2 anos faria o País economizar, começando pelos R$2,7 bilhões do indecoroso fundação eleitoral.
Não é nenhuma Suíça
Quem imagina que a Suíça é uma Suíça, lá os supermercados só admitem 50 clientes por vez e apenas um comprador para cada corredor de gôndolas. E ainda há limite no número de produtos, na compra.
Que vergonha
Causou indignação em Brasília uma ação oportunista da OAB-DF, junto a criminalistas milionários, para beneficiar a clientela soltando todos os presos do semiabertos no DF. Para essa gente, a população tem mais é que ficar “presa”, em recolhimento domiciliar, e os bandidos soltos.
Dia de show
Funcionários da área pública de saúde deram um show de competência, no primeiro dia de vacinação. Em Brasília, postos de vacinação drive thru foram um sucesso.
Ordem de cima
Em tempo de coronavírus, a “agência reguladora” Aneel se finge de morta, à espera de quem manda, as empresas, mas segue inflexível na intolerância a atrasos no pagamento da conta de luz. Não pagou cortou.
Pergunta que não cala
Em relação à decisão do STF de que “a Bolsa Família não sofrerá cortes durante pandemia”, o senador Arolde de Oliveira pergunta: “o que é que o STF tem a ver com Bolsa Família?” lembra que o presidente Jair Bolsonaro liberou mais de um milhão de novas bolsas”.
Esforço binacional
As diretorias brasileira e paraguaia de Itaipu tomaram medidas para combater o coronavírus, incluindo a suspensão de visitas e a liberação do trabalho de aprendizes e pessoas com mais de 60 anos.
Empresa tipo goleiro Bruno
Após matar o rio Doce e reincidir em Brumadinho, causando a morte de quase 300 pessoas com barragens malcuidadas, a mineradora Vale tenta se fazer de simpática, doando kits de testes para o coronavírus.
Vírus e eleição, tudo a ver
Os efeitos do coronavírus nas eleições já aparecem: em Teotônio Vilela (AL), a Justiça decretou a indisponibilidade de bens do prefeito Joãozinho Pereira (MDB) por fazer promoção pessoal com coronavírus.
Pergunta na trincheira
No “orçamento de guerra” que imaginou, Rodrigo Maia vai abrir mão da mordomia do jatinho da FAB no qual já fez mais de 700 viagens?
PODER SEM PUDOR
Medo do alto
Afonso Arinos de Melo Franco exercia o pior cargo para quem tinha pavor de avião: ministro das Relações Exteriores de João Goulart. Certa vez, ao concluir uma visita a Portugal, ele foi despedir-se do presidente anfitrião, Américo Tomás, que logo tocou no ponto fraco:
– O senhor gosta de avião?
– Não muito, excelência.
Ao invés de tranquilizar o chanceler brasileiro, Tomás fez um comentário que o atormentaria durante todo o percurso de volta:
– É, enquanto eles voam lá em cima, as oficinas continuam cá em baixo…
Com André Brito e Tiago Vasconcelos
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