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Brasil Recém-nomeado ministro por Michel Temer com a missão de articular a aprovação a reforma da Previdência, Carlos Marun é conhecido pelos colegas como um “defensor das causas impossíveis”. Ele diz que só chegou onde está devido às polêmicas em que se envolveu

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‘Não trabalhamos com a hipótese de uma terceira denúncia’, disse o ministro Marun. (Foto: Valter Campanato/ABr)

Advogado e engenheiro civil, Marun nasceu em Porto Alegre mas se radicou no Mato Grosso do Sul, onde foi vereador em Campo Grande (2005-2006), deputado estadual (2007-2014) e federal desde 2014, sempre pelo PMDB. Recém-nomeado ministro da Secretaria de Governo do governo de Michel Temer, ele tem a missão de articular a aprovação da reforma da Previdência.

Ele é conhecido pelos colegas como “defensor das causas impossíveis”. Em recente entrevista à imprensa, ele diz que só chegou onde está graças às polêmicas em que se envolveu. Principalmente a primeira: a defesa do então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), atualmente preso pela Operação Lava-Jato.

Por que você acha que foi escolhido ministro?

Por minha maneira de ser, que é determinada, até criticada por alguns, mas é uma maneira franca. Não sou dado a chicanas, a traições. Isso fez com que eu obtivesse apoio da base do governo e tenho respeito da oposição. Acho que é a determinação que fez o presidente optar por mim.

Como você conseguiu tamanha projeção em três anos?

Sou um apaixonado pela legalidade. Isso fez com que em vários momentos eu me posicionasse em questões polêmicas. A própria defesa do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha. Muita gente tinha vontade de fazer aquilo e não teve a determinação suficiente. Mas eu fiz. Aquele foi um momento que me tirou do anonimato na Casa. Eu tenho lado. Não sou uma pessoa imprevisível.

Quanto pesou essa performance?

Isso me retirou do anonimato da Câmara, ao demonstrar minha coragem e capacidade de argumentação, com uma defesa consistente na tribuna. Ali provei eloquência, razoabilidade, coragem e até companheirismo, ao não virar a casaca, como muitos fizeram. Não posso dizer que foram demérito coisas das quais eu não me arrependo. Se tivesse a mesma situação, eu faria de novo. Não defenderia a tese para qualquer um. Mas para Cunha, que foi o grande líder do movimento que depôs a presidente Dilma Rousseff, eu faria de novo. A partir daí, passei por outros desafios. O maior foi a reforma da Previdência, cuja comissão eu presidi.

Você acredita na inocência dele?

A inocência dele não foi julgada naquele momento. Se ele é culpado ou não, não foi julgado.

Qual a sua expectativa sobre a eleição de 2018?

Vejo possibilidade de vitória de uma candidatura de centro ou centro-direita. Temos uma candidatura posta, do governador [Geraldo] Alckmin. Não estou dizendo que será nosso candidato, mas é uma candidatura que merece o nosso respeito. Temos outros nomes se posicionando. O ministro Meirelles [Fazenda], o presidente da Câmara, Rodrigo Maia.

Você não descarta a candidatura de Temer à releição…

Vejo com otimismo a saúde do presidente, mas não é um otimismo irresponsável. A situação é menos grave do que parece.

Sobre a reforma da Previdência, você acredita?

A minha confiança passou a ser certeza. Parlamentares que se diziam indecisos passaram a se decidir em grande número favoravelmente. Não fizemos uma contagem, deixamos lá para o dia 15 de janeiro.

Qual texto será aprovado?

Chegamos praticamente ao limite, mas não estamos nos recusando a ouvir. Governo de diálogo ouve, sem compromisso de atender reivindicações.

É válida a troca de cargos e emendas por votos?

Emendas têm que ser liberadas, são emendas impositivas. Podem ser liberadas antes as da situação que as da oposição? Talvez até possa. Sobre cargos, você acha que o presidente pode, sozinho, indicar um governo inteiro? Não pode. Ninguém tem essa capacidade. Você tem que receber conselhos, sugestões. Se você vai escolher um professor particular para o seu filho, você pede sugestão a amigo ou inimigo?

Sem a delação da JBS/Friboi, a reforma da Previdência seria aprovada?

Tenho a mais absoluta certeza. Se a delação não tivesse sido utilizada como instrumento de conspiração, já teríamos aprovado. Ela foi usada com o objetivo de derrubar o presidente da República.

Mas Temer havia aceitado conversar com Joesley Batista.

Joesley, quando conversou com o presidente, era um dos maiores empresários do Brasil ou do mundo. O presidente – talvez isso seja até uma falha comportamental – é um homem muito aberto a receber as pessoas. Se vamos reduzir a isso o eventual equívoco praticado pelo presidente, não seria um equívoco que pudesse justificar a sua deposição.

 

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