Quarta-feira, 15 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 8 de fevereiro de 2016
Um assunto se tornou predominante nos consultórios psiquiátricos de uma clínica particular na Zona Sul e no programa de atendimento gratuito da área de saúde mental da Santa Casa da Misericórdia, no Rio de Janeiro. A crise econômica foi parar no divã, levada por profissionais de diferentes perfis. São trabalhadores temendo perder o emprego ou já dispensados e executivos atormentados por ter de demitir centenas de pessoas.
Segundo um estudo da Med-Rio Check-Up, de 2014 a 2015, cresceu de 8% para 11% os casos de depressão, de 21% para 25% os quadros de insônia, de 20% para 32% os relatos de ansiedade e de 55% para 70% os registros de estresse. “O Brasil está fazendo mal à saúde dos brasileiros. O ambiente hoje é rico em emoções negativas, como tristeza e medo. Isto abre portas para problemas como gastrite, úlcera, hipertensão, AVC ou um infarto”, disse o diretor da Med-Rio, Gilberto Ururahy.
Diferentes estudos associam crises como as que abateram a Europa e os EUA a partir de 2008 a elevações de casos de depressão emocional e até de suicídios. O uso de antidepressivos também pode apresentar curva ascendente. No Brasil, o consumo de antidepressivos e tranquilizantes subiu 14% de novembro de 2014 a outubro de 2015, quando superou 1,5 bilhão de doses.
Vendidos sob apresentação de receita médica, esses remédios são caros e, portanto, fora do alcance da maior parte da população. Da mesma forma, consultas psiquiátricas representam um custo que pessoas com renda menor nem sempre conseguem arcar. Na Santa Casa de Misericórdia, porém, um serviço de atendimento gratuito recebe pacientes de baixa renda. Também lá, a inflação e o desemprego se tornaram o tópico principal das consultas. (AG)