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Recorde de habitantes do Brasil será em 2042 com 219,28 milhões, mas a população cairá para 163,3 milhões em 2100

Pelas projeções da ONU, os idosos representarão um terço da população do País até o fim deste século. (Foto: Freepik)

Um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) projeta que a população mundial atingirá seu pico ainda neste século e chegará a 10,3 bilhões de pessoas em 60 anos. Depois disso, deve recuar para 10,2 bilhões em 2100. O Brasil, por sua vez, deverá atingir seu ápice populacional em 2042, chegando a 219,28 milhões de habitantes. Em 2100, a projeção é de que o País tenha 163,3 milhões.

Apesar da alta mundial, o documento World Population Prospects 2024, da ONU, prevê crescimento populacional 6% menor no planeta do que o estimado pela organização há dez anos, o que significa 700 milhões de pessoas a menos. A perspectiva de um planeta mais populoso é uma preocupação extra diante do agravamento da crise climática, que esgota recursos naturais e pode deixar eventos extremos – como tempestades e ondas de calor – mais intensos e frequentes.

“O cenário demográfico evoluiu muito nos últimos anos”, diz Li Junhua, subsecretáriogeral para Assuntos Econômicos e Sociais da ONU, em nota. “Em alguns países, a taxa de natalidade é agora ainda mais baixa do que a prevista anteriormente, e também observamos quedas um pouco mais rápidas em algumas regiões de alta fertilidade.”

O auge populacional brasileiro em até três décadas é semelhante ao período projetado para outros 47 países, em uma lista que inclui Irã e Turquia. Hoje, o Brasil tem 215,3 milhões de habitantes. O Censo IBGE 2022 já havia mostrado que o ritmo de crescimento da população brasileira vem diminuindo. A taxa média entre 2010 e 2022 ficou em 0,52%, pela primeira vez abaixo de 1% ao ano. Foi o menor crescimento populacional registrado ao longo da série histórica, iniciada em 1872.

No ano passado, um estudo do IBGE a partir dos dados do censo revelou que o porcentual de pessoas com 65 anos ou mais no País chegou a 10,9% da população – alta recorde de 57,4% frente aos números de 2010, quando os idosos representavam 7,4% do total.

Um terço de idosos

Pelas projeções da ONU, os idosos representarão um terço da população do País até o fim deste século. Nas próximas três décadas, a estimativa é de que o índice chegue a 18%. “Há um desafio em relação ao tema do envelhecimento populacional, e o Brasil tem agora essa janela de oportunidade, com pessoas em idade para trabalhar em maior proporção do que as dependentes. Mas, no futuro, essa pirâmide vai mudar”, diz a demógrafa Helena Cruz Castanheira, do Centro Latino-americano e Caribenho de Demografia (Celade), vinculado à Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).

“É preciso ver a sustentabilidade desse sistema e todos os desafios que essa nova estrutura etária dá. E é importante mencionar que nos países da região, e no Brasil também, a transição demográfica foi muito mais acelerada do que na Europa. O envelhecimento populacional é muito mais rápido.”

A mudança de perfil da população pressionará a demanda por serviços de saúde e assistência social, além de elevar gastos com a previdência. Por outro lado, o fim do chamado bônus demográfico (quando há o pico da proporção de jovens em idade economicamente produtiva) deve impactar no PIB do País, o que pode ter impacto na renda.

O relatório mostra que 63 países já atingiram o pico populacional, incluindo alguns dos mais ricos e populosos, como China, Alemanha, Japão e Rússia. Assim, a estimativa é de que haja redução nas próximas décadas, podendo chegar a um índice de 14% nos próximos 30 anos. Entre os fatores apresentados pela ONU estão os níveis mais baixos de fertilidade, especialmente na China. “Os países passam por transição demográfica. Tivemos níveis altos de fecundidade e mortalidade na década de 50 na América Latina, passando a diminuir na década de 60”, diz Helena.

Segundo a ONU, no mundo, mulheres têm tido em média um filho a menos do que em 1990. Em mais da metade dos países, o número médio de nascidos vivos por mulher está abaixo de 2,1, nível visto como necessário para que uma população mantenha-se constante no longo prazo, sem considerar fatores migratórios. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

 

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