Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 18 de fevereiro de 2023
Pelo Brasil, o censo do IBGE prorrogou a coleta de dados, mas os recenseadores ainda encontram resistência entre os entrevistados.
É um trabalho de persistência. As perguntas são simples: quantas pessoas moram na sua casa, qual o grau de instrução, quais são as idades… Mas conseguir as informações é missão quase impossível. “Não atendem, e quando atendem não vêm responder”, diz o recenseador Rodrigues Júnior.
Resistências
Mato Grosso é o estado com o maior número de moradores não encontrados pelo IBGE: 12,37%. No Brasil, a taxa é de 4,02%. Já São Paulo é o estado em que há mais negativas aos recenseadores: 4,14%. A taxa de recusa no país está em 2,26%.
A dificuldade de fazer a pesquisa aparece em várias partes do Brasil: em Campo Grande; nos povoados quilombolas, no Maranhão; nas aldeias indígenas, em Mato Grosso; nos centros urbanos.
Nas grandes cidades, tão desiguais, o IBGE enfrenta dificuldade para conseguir respostas principalmente nos dois extremos. Nos bairros mais carentes, o problema maior é a ausência de moradores. Nos mais nobres, a recusa em receber o recenseador. O resultado é o mesmo: falta de informações para deixar o censo mais completo.
Em um condomínio de São Paulo, só oito dos 24 proprietários foram ouvidos, depois de quatro tentativas.
“É cansativo, e é tão simples responder. Demora só de cinco a 15 minutos”, afirma a recenseadora Milena Pires de Souza.
Disk Censo
“Eu preciso reduzir essa recusa, eu preciso que os moradores ausentes respondam o IBGE. A gente tem um disk censo, que é o 137. A população precisa ajudar o IBGE a terminar esse censo”, diz o presidente em exercício do IBGE, Cimar Azeredo.
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, pediu que os brasileiros respondam ao censo. Segundo ela, o País não pode deixar que uma situação adversa, “legada do governo anterior, que negava a ciência e que abandonou as políticas públicas baseadas em evidências, atinja a credibilidade do IBGE”.
Tebet lembrou que é importante que as pessoas entendam que, ao não atenderem ao IBGE, as políticas públicas municipais de saúde, educação, obras públicas, entre outras, ficam prejudicadas, pois o acesso dos municípios aos repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) varia de acordo com o tamanho da população”, diz o ministério em nota divulgada à imprensa.
Importância
Na comunidade de Heliópolis, em São Paulo, 20% dos moradores ainda não conversaram com os recenseadores. Gente que sai cedo para trabalhar e volta só à noite.
“Eles podem ter passado na minha casa, mas como eu não fico em casa, podem ter passado e não ter encontrado ninguém”, afirma a comerciante Elenilza Alves Araújo.
Um comunicado do IBGE orienta quem está nessa situação a ligar e marcar um dia com o recenseador. Uma oportunidade que não pode ser perdida.
“Acho importante a gente responder ao censo para que a gente possa buscar políticas públicas, trazer políticas públicas para dentro das favelas. Porque quando você não responde ao censo, você é uma pessoa invisível”, diz o presidente da Cufa/SP, Marcivan Barreto.