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Brasil Redução da jornada de trabalho não passa de engodo: PIB brasileiro sofreria queda de até 16% caso houvesse mais uma folga semanal

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Num cenário otimista, reduzi-la para 40 horas, com duas folgas semanais, provocaria queda de 14,2% no PIB

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Num cenário otimista, reduzi-la para 40 horas, com duas folgas semanais, provocaria queda de 14,2% no PIB. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Os projetos em tramitação no Congresso defendendo a redução da jornada semanal de trabalho ganharam apoio de setores da esquerda com base numa visão idealista e distorcida da realidade econômica. Defensores do fim da jornada de 44 horas semanais — ou 6×1, com seis dias trabalhados e um de folga — ignoram (ou fingem ignorar) que a mudança teria consequências dramáticas para o crescimento e a geração de riqueza.

Num cenário otimista, reduzi-la para 40 horas, com duas folgas semanais, provocaria queda de 14,2% no PIB, com perda de 16 milhões de empregos e de R$ 102 bilhões em impostos, segundo estudo da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

Tal cenário considera que haveria aumento de 1% na produtividade do trabalho, patamar muito superior ao 0,2% anual registrado entre 1981 e 2024. Sem esse aumento, a queda no PIB chegaria a 16%, com perda de 18 milhões de empregos e de R$ 118 bilhões em impostos, destinados a investir em educação, segurança ou saúde.

Estimando a perda com base noutra metodologia, o economista Fernando de Holanda Barbosa Filho, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), calculou que a redução da jornada para 36 horas resultaria em queda de 11,3% no valor adicionado pelo trabalho à economia. Independentemente do método, é consenso que haveria encolhimento da riqueza produzida, portanto menos oportunidades e maior miséria.

Não é difícil entender os motivos. De olho nos votos, ninguém no Congresso defende diminuir salários de forma proporcional à redução das horas trabalhadas. Sem isso e sem maior produtividade, a redução da jornada não passa de um aumento salarial sem lastro. Muitas empresas não podem absorver o baque, e os custos seriam repassados ao consumidor, aumentando a inflação. As incapazes de repassar tudo seriam forçadas a demitir ou a substituir trabalhadores formais por informais.

Defensores da redução da jornada argumentam que a medida ajudaria a aumentar a produtividade. Trata-se de uma falácia. De acordo com esse pensamento mágico, os trabalhadores gerariam a mesma produção trabalhando menos horas — como se estivessem fazendo corpo mole à espera da mudança.

A realidade é o oposto disso. Setores que conseguem se manter produtivos já reduziram a jornada para cinco dias semanais. De resto, a produtividade do trabalho no Brasil tem evoluído de forma medíocre há décadas, e nem Congresso nem governo têm tomado medidas para resolver essa deficiência, a principal da economia brasileira.

Os países que reduziram a jornada com sucesso viviam conjuntura bastante distinta. A Coreia do Sul introduziu a semana de cinco dias em 2004. O novo sistema começou no setor público e nas empresas maiores antes de ser adotado pelas demais.

De lá para cá, o desemprego se manteve abaixo dos 5%, mesmo durante a pandemia. Coreanos trabalham mais horas que empregados nos países ricos, mas dedicam cada vez menos tempo ao emprego. Como conseguem? A produtividade cresce a altas taxas. Três garçons coreanos dão conta de atender o mesmo número de mesas, trabalhando menos.

Com isso, pode haver mais folgas. No Brasil, a situação é outra. Levando em conta férias e feriados, o brasileiro trabalha muito menos que a média global. Sem que se torne mais produtivo, não é hora de reduzir a carga ainda mais.

(Opinião Jornal O Globo)

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