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Por Redação O Sul | 9 de maio de 2015
Reeleito primeiro-ministro do Reino Unido, o conservador David Cameron fez um discurso em Downing Street (sede do governo), em Londres, nessa sexta-feira para celebrar o resultado e confirmou que realizará um plebiscito para a população decidir pela permanência ou não na UE (União Europeia). “Quando eu cheguei aqui há cinco anos, nosso país estava no grupo dos que viviam crise econômica. Cinco anos depois, estamos muito mais fortes”, afirmou.
Cameron disse, na ocasião, ter recebido ligação do líder trabalhista e adversário, Ed Miliband, que renunciou ao posto após o resultado. Ele prometeu, ainda, dar autonomia financeira e legislativa à Escócia, em resposta à vitória esmagadora do SNP (Partido Nacional Escocês), cuja bandeira principal é a de independência escocesa do Reino Unido.
O Partido Conservador conquistou 331 cadeiras no Parlamento britânico nas eleições realizadas na quinta-feira. O número foi o que deu a maioria e garantiu a permanência de Cameron no cargo de primeiro-ministro.
O Partido Trabalhista, liderado até esta eleição por Miliband, ficou em segundo lugar com 232 cadeiras, distante do adversário e abaixo das projeções anteriores que apontavam uma briga acirrada com os conservadores. Em discurso ao reconhecer a derrota e renunciar, com semblante abatido, Miliband disse que, apesar do revés, o país precisa do partido forte. “Apesar da derrota, nossos argumentos e a luta continuam”, declarou.
Cameron sai fortalecido após um resultado considerado surpreendente pela mídia britânica e especialistas. Em 2010, o Partido Conservador conquistou 306 cadeiras (hoje tem 303) e precisou fazer uma coalizão com os liberais-democratas para governar. Cinco anos depois, o partido do premiê não só melhorou o desempenho, como ultrapassou sozinho o patamar de 326 necessário entre 650 cadeiras do Parlamento para mantê-lo no posto.
Ele venceu com a bandeira da rígida austeridade fiscal do seu governo, que equilibrou as contas públicas do país, e a promessa de um plebiscito, até 2017, para decidir pela permanência ou não na UE. Outro grande vitorioso da eleição foi o SNP, sensação da eleição. Com uma vitória esmagadora, obteve 56 dos 59 postos escoceses no Parlamento em Londres – tinha seis até hoje. Diante deste cenário, se consolida como terceira força política – de oposição, no caso – do Reino Unido.
Além dos trabalhistas, quem sofreu um duro golpe nas urnas foi o Liberal Democrata, do vice-primeiro-ministro Nick Clegg. Ao todo, a legenda venceu em oito distritos, ante 57 que havia obtido em 2010.
O resultado foi considerado humilhante pela mídia britânica e coloca em dúvida o futuro dos liberais-democratas no jogo político. Clegg também renunciou ao cargo de líder do partido e considerou o desempenho nas urnas “cruel e punitivo”.
A eleição representa também um fracasso para o líder do Ukip (partido de extrema direita), Nigel Farage, que ganhou fama pelo discurso anti-imigração. A legenda obteve apenas uma cadeira e o próprio Farage não conseguiu ser eleito.
maioria
Na eleição do Reino Unido, o país é dividido em 650 distritos, representando o mesmo número de cadeiras no Parlamento. Cada partido indica um candidato e o mais votado leva a vaga. Uma legenda precisa de pelo menos 326 para ter maioria e indicar o primeiro-ministro.
Previsões
A grande vitória dos conservadores, adiantada em levantamento de boca de urna, derrubou todas as previsões feitas pelos institutos de pesquisa e jornais do Reino Unido para essa eleição, apontada até então como a mais acirrada desde a Segunda Guerra Mundial. As capas de jornais britânicos trataram o resultado como surpreendente, um “choque”, como descreveu o periódico local The Independent.
De acordo com as projeções, conservadores e trabalhistas brigariam na faixa de 260 a 280 cadeiras para cada lado. Não foi o que ocorreu. O partido de Cameron teve um desempenho impressionante e o de Miliband, candidato a premiê, decepcionou. Dois dos principais nomes do partido de oposição e da equipe de coordenação da campanha de Miliband, Ed Balls e Douglas Alexander, por exemplo, foram derrotados em seus distritos. (Leandro Colon/Folhapress)