Referência internacional no assunto, Porto Alegre recebe a partir desta terça-feira (17) importantes nomes da comunidade científica para a segunda edição do simpósio “TVI – Transcatheter Valve Intervention” (Intervenção de Válvula Transcateter). São três dias de evento, cujo tema é o aperfeiçoamento da técnica, minimamente invasiva por dispensar a necessidade de cortes.
Cerca de 400 participantes são esperados no Centro de Eventos do Hotel Hilton no bairro Moinhos de Vento, incluindo 54 palestrantes brasileiros e 26 de 12 países, incluindo Estados Unidos e Europa. Detalhes e inscrições são realizadas pelo site simposiotvi.com.br.
O primeiro dia tem sessões de hands-on (manipulação). Serão executadas todas as etapas com simuladores 3-D que criam um cenário de realidade virtual semelhante ao de uma sala cirúrgica real. Os aparelhos permitem treinos com diversos graus de dificuldade e diferentes tipos de próteses, sem envolver pacientes.
Já a segunda jornada inclui o lançamento nacional do aplicativo “Redo-TAV”, com a presença de seu idealizador, o médico Vinayak Bapat do Minneapolis Heart Institute (EUA). A ferramenta pode ser baixada gratuitamente para orientar especialistas sobre qual o tipo e tamanho da prótese a ser utilizada em situações especiais.
Serão transmitidas, ao vivo e on-line, sete cirurgias de média e alta complexidade em cinco países. Após cada intervenção, haverá debate no auditório sobre a atuação dos cirurgiões, bem como avanços e refinamentos técnicos.
Cirurgião cardiovascular, pesquisador e professor de medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o gaúcho Eduardo Keller Saadi coordena a atividade. Ele possui 15 anos de experiência no assunto e está à frente da Cardiofy, rede de compartilhamento sobre a modalidade.
Saadi foi o primeiro médico brasileiro a receber certificação para implante de válvula transcateter CoreValve. Além disso, sua equipe é pioneira, no Brasil, a utilizar vários dispositivos e inovações técnicas na área.
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A população idosa é a mais acometida problemas nas válvulas cardíacas. Denominadas aórtica, mitral, tricúspide e pulmonar, essas estruturas se abrem e fecham, regulando o fluxo sanguíneo do organismo.
As duas primeiras são as mais afetadas. Quando se calcificam ou não funcionam corretamente, podem causar cansaço, falta de ar, dor torácica e síncope (desmaio).
Em certos casos é indicada a operação. Na cirurgia tradicional, o paciente sofre incisão no peito. Já com a evolução da medicina e da tecnologia, não é necessário abrir o peito do paciente.
O método menos invasivo consiste na introdução do cateter através de uma punção (sem corte), geralmente na artéria da virilha, mediante anestesia local. Com apoio de imagens e “navegando” por dentro dos vasos sanguíneos, o cateter leva na ponta uma válvula artificial comprimida.
A prótese é então liberada, expandida e instalada no local na válvula lesionada, substituindo-a. Com isso, o curso do sangue se normaliza.
“O procedimento transcateter demanda menos dias de internação [em geral, apenas dois], proporciona recuperação mais rápida e maior conforto ao paciente e, sobretudo, diminui a ocorrência de sequelas derivadas da cirurgia convencional”, explica o especialista.
(Marcello Campos)