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Colunistas Reforma progressista

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Em tempo recorde o governo de Jair Bolsonaro apresentou o seu projeto de reforma da Previdência. (Foto: Marcos Corrêa/PR)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Em tempo recorde o governo de Jair Bolsonaro apresentou o seu projeto de reforma da Previdência. Não botava muita fé em Paulo Guedes – não botava fé em ninguém da equipe de Bolsonaro. Uns, a maioria, porque não conhecia. E outros porque conhecia o suficiente.

Guedes não começou bem. Pareceu afoito demais, comprou brigas desnecessárias, e deixou exposto, às vezes, o nervo perigoso do voluntarismo. Na missão que se atribuiu, ele não pode se dar ao capricho de não contextualizar o argumento, tratar mal atores relevantes do jogo, atacar segmentos e setores, e alinhar, no debate, juízos definitivos de valor.

Parece que Guedes se deu conta de que é preciso controlar o ímpeto de emitir opiniões francas demais e foi em frente. Com ele o jogo começou. Bebianno, Bolsonarinhos, Damares, Olavo de Carvalho, Vélez Rodríguez, são como que gandulas da partida de fundo.

Porque é isso: ou se faz uma reforma previdenciária para valer ou vai todo mundo para o buraco. Não que as demais questões sejam secundárias. Mas em todo o grande problema, em todo o impasse, manda o senso comum que se ataque com firmeza e continuidade, o empecilho maior.

O projeto sofreu fogo cerrado de todos os lados. Um cínico diria: a parte que não me diz respeito é muito boa, mas o que mexe com os meus “direitos” não pode ser mexido. Não existiu ainda na face da terra uma proposta de reforma da previdência que não despertasse a ira do respeitável público. O sentimento que prevalece é que o governo, durante toda a vida, nos tira o couro; a reforma nos tira o pouco que sobrou.

Mas há, sim, algo de aproveitável, justo e positivo na proposta. O melhor de tudo é que, se aprovada, a reforma vai retirar um pouco da gordura dos grandes valores de pensões e aposentadorias, através das alíquotas progressivas. Se é preciso cortar na carne, que se corte o filé mignon, a carne de primeira.

Os privilégios da previdência são fartos no andar de cima. Todos estão no serviço público. A média das pensões e aposentadorias no setor privado é de R$ 1.300, dos funcionários do executivo de R$ 7.600, dos militares de R$ 9.600, do judiciário de R$ 26.300 e do Legislativo de R$ 28.500. Um empresário, investidor ou rentista, por mais rico que seja, tem uma aposentadoria do INSS de R$ 5.200, no máximo.

Na outra ponta, os trabalhadores, do setor privado e do setor público, que ganham até R$ 3.000, terão as alíquotas de desconto reduzidas. Quem ganha mais, paga mais, quem ganha menos paga menos.

Estamos, pois, diante de uma reforma progressista, que favorece os mais pobres e sobretaxa os mais ricos. Uma reforma que os teóricos de esquerda assinariam embaixo, não tivesse ela origem no governo de Bolsonaro, e, principalmente, não fossem eles mesmos, muitas vezes, os titulares da privilegiatura.

Mas os opositores à esquerda não vão bater por aí para não dar na vista. Vão concentrar o fogo nas aposentadorias rurais, nos benefícios de prestação continuada e em outros pontos menores da reforma.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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