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Confirmado na Bahia um caso de reinfecção por coronavírus com variante encontrada na África

A partir desta semana, qualquer pessoa que chegue em Taiwan do Brasil ou que tenha estado no Brasil nos últimos 14 dias deve ficar em quarentena.(Foto: Reprodução/Niaid)

Uma pesquisa desenvolvida pelo Instituto D’Or de Ensino e Pesquisa em parceria com o Hospital São Rafael, em Salvador (BA), detectou um caso de reinfecção por coronavírus no Brasil com uma mutação equivalente à que foi encontrada na África do Sul e tem maior capacidade de infectar. Trata-se do primeiro registro mundial de alguém infectado novamente com a mutação denominada “E484K”.

O caso foi confirmado pelo governo baiano, com base em relatório a partir de testes do tipo RT-PCR. A paciente tem 45 anos, mora na capital do Estado, foi infectada pela primeira vez em maio e pela segunda vez em outubro, com sintomas mais severos. Nos dois episódios, ela não apresentou evolução para quadros mais graves. Sem registro de comorbidades, a mulher está sendo acompanhada pelos pesquisadores.

Os dois diagnósticos foram confirmados a partir de testes RT-PCR, que são considerados referência porque detectam a infecção a partir de material coletado pela garganta e pelo nariz do paciente e identificam se há contaminação no momento do exame. Passadas quatro semanas desde a segunda confirmação, a paciente passou por um exame sorológico que comprova se há a presença de anticorpos após a contaminação.

Essa variante do coronavírus foi encontrada originalmente na África do Sul. Ela já havia sido identificada em um paciente no Rio de Janeiro. Mas foi a primeira vez em que apareceu em uma reinfecção.

De acordo com os pesquisadores do Instituto D’Or, essa reinfecção tem sido avaliada com preocupação. Isso porque causa alterações que podem criar obstáculos à ação dos anticorpos no tratamento dos pacientes atacados pelo vírus. O especialista Bruno Solano, que atua na instituição, salienta:

“A descoberta serve de alerta e reforça a necessidade de manutenção das medidas de controle da pandemia, com distanciamento social e a necessidade de acelerar o processo de vacinação, para reduzir a possibilidade de circulação desta e de possíveis futuras linhagens que, ao acumular mutações, podem vir a se tornar mais infectantes, inclusive para indivíduos que já tiveram a doença”.

O episódio foi analisado pelo Instituto D’Or em parceria com pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), do Rio de Janeiro. As conclusões foram detalhadas pelos pesquisadores em um artigo científico na revista científica “Lancet Infectious Diseases”, periódico acadêmico renomado internacionalmente e que tem dado espaço ao lançamento de diversos estudos sobre a pandemia.

Ministério ainda não se pronunciou

O Ministério da Saúde ainda não se manifestou oficialmente sobre a descoberta, assim como se absteve anteriormente de comentar casos de reinfecção no País com a variante que circula na África do Sul. Já no que se refere aos casos de reinfecção pelo coronavírus que já circula no País desde o início do ano passado, a confirmação pelo governo federal foi oficializada em 9 de dezembro.

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