Sexta-feira, 17 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 28 de abril de 2015
Apesar de ter negado à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras qualquer relação com o episódio, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) figura nos registros da Câmara dos Deputados como “autor” dos arquivos em que foram redigidos dois requerimentos sob suspeita no esquema de corrupção da estatal. O presidente da Câmara é investigado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) sob a acusação de ter se beneficiado de pagamentos de propina por fornecedores da estatal, o que ele nega.
Um dos principais pilares da investigação da Procuradoria contra ele é um depoimento do doleiro Alberto Youssef, em delação premiada. Youssef declarou que, como forma de pressão, Cunha teria apresentado requerimentos na Câmara para investigar uma fornecedora da Petrobras que teria interrompido o pagamento de propinas, a Mitsui.
Na defesa espontânea que fez na CPI, Cunha fez comentários sobre dois requerimentos de 2011 da ex-deputada Solange Almeida (PMDB-RJ). As duas requisições pediam informações ao Tribunal de Contas da União e ao Ministério de Minas e Energia sobre contratos da Mitsui e a Petrobras. O objetivo era, de acordo com Youssef, intimidar a empresa e forçá-la a retomar o pagamento de propinas.
À CPI, Cunha negou qualquer relação com os requerimentos. “Eu não fiz qualquer requerimento pra quem quer que seja. (…) Cada um é responsável por seu mandato, como é que eu tenho conhecimento do que alguém faz ou deixa de fazer? Cada um responde por seus atos”, afirmou. Solange, atualmente prefeita de Rio Bonito (RJ), isentou o deputado ao depor à Polícia Federal.
Apesar dessas declarações, o jornal Folha de S.Paulo detectou no sistema oficial da Câmara que o nome do hoje presidente da Casa consta como “autor” dos dois arquivos em que foram produzidos os requerimentos assinados por Solange. Confrontado com o fato de seu nome estar vinculado às requisições, Cunha declarou que, provavelmente, um computador de seu gabinete foi usado pela então deputada ou por algum assessor dela. “Pode ser um funcionário dela que pode ter ido lá pedir à [minha] assessoria pra fazer, acontecia com vários deputados, até porque ela era suplente”, disse. Solange assumiu o mandato quatro meses antes da apresentação dos requerimentos.
Autenticação
Apesar de os arquivos terem o nome de Cunha, a autenticação do material no sistema oficial foi feita pelo gabinete da deputada, conforme a área técnica da Casa. “Foi autenticado no gabinete dela, (…) uma coisa é ter usado uma máquina pra fazer o acompanhamento, outra coisa é autenticar. O gabinete que está autenticado é o 585, do Rodrigo Bethlem [PMDB-RJ], de quem ela era suplente”, disse Eduardo Cunha. (Ranier Bragon e Aguirre Talento/Folhapress)