Domingo, 02 de março de 2025
Por Redação O Sul | 30 de outubro de 2021
O anúncio foi feito pelo premiê Boris Johnson ao chegar a Roma para a Cúpula dos Líderes do G20
Foto: ReproduçãoO primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anunciou que o Reino Unido vai doar 20 milhões de doses da vacina AstraZeneca contra a Covid-19 aos países em desenvolvimento. A ação faz parte dos esforços para partilhar vacinas com os países que têm mais falta.
O anúncio foi feito pelo premiê ao chegar a Roma para a Cúpula dos Líderes do G20, que começou neste sábado (30). O Reino Unido diz que 10 milhões de doses foram enviadas para o programa de partilha de vacinas Covax, apoiado pela Organização das Nações Unidas, e mais 10 milhões vão seguir nas próximas semanas.
Essas vacinas juntam-se a 10 milhões de doses que já foram entregues e fazem parte do compromisso da Grã-Bretanha de partilhar 100 milhões de doses com nações mais necessitadas até meados de 2022.
Boris Johnson apelou ao grupo das potências econômicas a fazer pressão para que a população mundial esteja vacinada até o final de 2022, dizendo que “a primeira prioridade como integrante do G20 deve ser avançar com a distribuição rápida, equitativa e global de vacinas”.
A Grã-Bretanha e outras nações ricas foram acusadas de acumular mais vacinas do que as necessárias, enquanto alguns países, especialmente na África, têm poucas ou nenhumas.
O antigo primeiro-ministro britânico Gordon Brown, um enviado da Organização Mundial da Saúde, pediu às nações do G-20 que acelerem o envio e transporte, por via aérea, das doses não utilizadas para o mundo em desenvolvimento.
O líder britânico também espera concentrar as discussões do G20 nos compromissos climáticos, enquanto se prepara para acolher a Cúpula do Clima, das Nações Unidas (COP26), em Glasgow, Escócia, que começa neste domingo (31).
Eficácia
Um estudo de efetividade da vacina contra Covid-19 da AstraZeneca — a mesma que o Reino Unido vai doar para outros países — mostrou que as aplicação das duas doses conferiu efetividade de 93,6% contra mortes; 87,6% contra hospitalizações e 77,9% contra a doença em sua forma sintomática em idosos dentro de um contexto de disseminação da variante Gama. O estudo foi publicado recentemente na revista científica Nature Communications.
A pesquisa coordenada pelo infectologista Julio Croda, da Fiocruz do Mato Grosso do Sul, avaliou a efetividade do imunizante em 61.164 pessoas acima de 60 anos residentes no estado de São Paulo, que foram submetidas a exame de RT-PCR no chamado teste negativo: com parte dos pacientes testando positivo para Covid-19 em comparação com os que testaram negativo.
A pesquisa conduzida por 20 pesquisadores no Brasil, Estados Unidos e Espanha visou angariar dados sobre a efetividade da vacina da AstraZeneca na população idosa em países com uma alta prevalência da variante Gama, identificada pela primeira vez em Manaus.
A escolha pelo Estado de São Paulo foi por ele ser o mais populoso do país e que atravessou três ondas da pandemia de Covid-19, acumulando mais de 3,89 milhões de casos e 130 mil mortes até 9 de julho deste ano.
Durante a segunda e a terceira onda, a variante Gama aumentou sua circulação e chegou a uma prevalência de 80,2% de março a maio deste ano no estado, segundo dados da Fiocruz.
Segunda dose
O estudo mostrou que 28 dias após a primeira dose, a efetividade da vacina era de 33,4% contra a Covid-19 sintomática, 55,1% contra hospitalização e 61,8% contra a morte entre idosos. Uma nova medição, 14 dias após a segunda dose, mostrou um aumento de 30% na proteção contra sintomas, internações e mortes.
“A conclusão do esquema vacinal da vacina ChAdOx1 [AstraZeneca] confere proteção significativamente aumentada em relação a uma dose apenas contra a Covid-19 branda e grave em indivíduos idosos durante a ampla circulação da variante Gama”, diz o estudo.
Os dados da pesquisa, portanto, indicaram que mesmo nos idosos, cuja efetividade dos imunizantes tende a ser menor, a vacina da AstraZeneca demonstrou alto poder de proteção.
“Sabemos que os idosos têm a questão da imunossenescência [alterações do sistema imunológico provocadas pelo envelhecimento], mas essa análise nos maiores de 60 anos mostra que, mesmo no contexto da circulação da Gama, o esquema vacinal completo garante uma boa proteção. Daí a necessidade de buscar os faltosos, encontrar todo mundo que não completou o esquema vacinal e garantir que tomem as duas doses”, disse Croda à Fiocruz.