Sábado, 11 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 26 de setembro de 2023
O documento foi encaminhado ao Ministério da Justiça.
Foto: Marcelo Camargo/Agência BrasilUm relatório de inteligência produzido pela Força Nacional de Segurança Pública no dia 5 de janeiro, três dias antes da invasão e depredação aos prédios dos Três Poderes, alertava sobre a possibilidade de atos violentos na Capital Federal no dia 8 daquele mês.
O documento foi encaminhado ao Ministério da Justiça. Segundo a pasta, o alerta foi repassado também à Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal. O relatório número 4 de 2023 traz informações sobre conversas de um grupo de WhatsApp, com 237 participantes, chamado “Rifas tiro e pesca”.
O grupo, segundo o documento, teria “presença maciça de pessoas conhecidas por CACs (Caçadores, Atiradores e Colecionadores)”.
Ainda de acordo com a Força Nacional, alguns membros teriam feito postagens mencionando fabricação e uso de explosivos em manifestações planejadas para acontecer em Brasília. O documento foi revelado pelo jornal Folha de S.Paulo e também obtido pelo GLOBO.
Nas conversas, segundo o documento da Força Nacional, integrantes instigaram os demais a participarem do ato do dia 8 de janeiro de 2023.
“Não de forma pacífica, mas com o uso de violência mediante a utilização de armas de fogo, bem como explosivos artesanais”, afirma outro trecho. “Podemos concluir que alguns membros mais exaltados podem vir a concretizar o que planejam em suas postagens”, diz o relatório, encaminhado à Diretoria de Inteligência do Ministério da Justiça.
Em nota, a pasta afirma que não há registros na Diretoria de Operações Integradas e de Inteligência (DIOPI) que permitam saber que providências foram adotadas na então Diretoria de Inteligência a partir da recepção desse relatório.
“Quanto à Força Nacional ela não recebeu o relatório indicado, ela produziu esse relatório, que foi enviado à Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, que acusou recebimento”, diz o ministério da Justiça, em nota.
O GLOBO, em janeiro, revelou que um dia antes dos atos antidemocráticos, no dia 7 de janeiro, a Polícia Federal (PF) também havia enviado ao Ministério da Justiça, para o ministro Flávio Dino, indicando que manifestantes acampados em frente ao QG do Exército em Brasília planejavam provocar “ações hostis e danos” ao “Congresso Nacional, o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal”, além de “confrontar as Forças de Segurança”. O documento, assinado pelo diretor-geral da PF, Andrei Passos, aponta que os investigadores identificaram indivíduos dispostos a “tomar o poder”.
Na época, após receber o alerta, o ministro Flávio Dino enviou, às 19h58, um ofício ao governador Ibaneis Rocha relatando os riscos detectados pelo setor de inteligência da PF.
Ao iniciar a sessão desta terça-feira da CPMI que investiga os atos de Janeiro, o presidente da comissão, deputado Arthur Maia (União-BA), anunciou que colocará em votação nesta quinta-feira (28), a convocação de Sandro Augusto de Sales Queiroz, ex-comandante do Batalhão de Pronto Emprego da Força Nacional no dia dos ataques golpistas às sedes dos três Poderes.
“Colocaremos requerimento do comandante da Força Nacional, caso não seja aprovado, nós continuaremos com os requerimentos que já foram aprovados. Se aprovado, os outros requerimentos serão aprovados. É a defesa do direito de minoria”, disse Maia, citando que a comissão já ouviu representantes do Exército e da Polícia Militar do Distrito Federal.