Sábado, 18 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 12 de março de 2021
A explosiva entrevista do príncipe Harry e de Meghan Markle para a apresentadora Oprah Winfrey caiu como uma bomba no Palácio de Buckingham. As acusações de racismo e hostilidade feitas pelo casal desencadearam uma crise na monarquia britânica, acentuando os questionamentos sobre como será seu futuro após o fim do reinado de Elizabeth II.
Há 68 anos no trono, Elizabeth atravessou 14 primeiros-ministros e diversas gerações. Mantendo-se longe da política e apostando no tradicionalismo, conseguiu fazer perdurar uma monarquia em meio a questionamentos sobre seus privilégios e sua adequação ao mundo contemporâneo.
Alguns dos maiores desafios que enfrentou, contudo, vieram de dentro: as vidas matrimoniais particularmente conturbadas de seus parentes representaram, no último século, alguns dos maiores obstáculos para a instituição símbolo do Reino Unido. Exploradas pelos meios de comunicação, numa época em que não vale mais mandar executar a mulher, como fez Henrique VIII com Ana Bolena, elas foram uma dor de cabeça constante para a rainha.
Da manutenção de tradições arcaicas, campanhas de difamação, traições e paixões proibidas, relembre algumas das principais crises familiares da realeza britânica do último século.
Edward VIII e Wallis Simpson
Edward VIII ascendeu ao trono em janeiro de 1936, após a morte de seu pai, George V. Pouco paciente com os procedimentos reais e com as convenções da Coroa, desencadeou uma crise constitucional ao pedir em casamento Wallis Simpson, americana que na ocasião buscava o divórcio de seu segundo marido.
O governo britânico se opôs ao casamento, afirmando ser socialmente inaceitável que a rainha consorte fosse uma mulher com dois ex-maridos vivos. Outro dilema era imposto pelo fato de o monarca acumular a função de chefe da Igreja Anglicana – que, à época, era contra o casamento após os divórcio se o ex-cônjuge ainda estivesse vivo.
Quando ficou claro que não poderia ficar com Wallis e ser rei ao mesmo tempo, abdicou do trono em favor do seu irmão, George VI, o pai de Elizabeth II. Edward casou-se com Wallis e mudou-se para a França, onde viveu até sua morte, em 1972.
Princesa Margaret e Peter Townsend
Dezesseis anos mais velho, Peter Townsend conheceu a irmã da rainha Elizabeth II, Margaret, enquanto trabalhava como cavaleiro no Palácio de Buckingham. O romance do casal começou quando a princesa tinha 22 anos, em 1952, pouco após a morte de seu pai. O casal chegou a noivar.
Townsend, contudo, era divorciado e pai de dois filhos – o casamento terminou após sua mulher ter um caso extraconjugal. Como Margaret tinha menos de 25 anos, a rainha precisaria dar seu aval para que a união acontecesse, mas seu cargo de chefe da Igreja Anglicana a punha em um impasse, diante das restrições ao casamento de pessoas divorciadas. Apesar do apoio popular, Winston Churchill, primeiro-ministro à época, disse também achar provável que seu Gabinete não aprovasse a união.
Quando Margaret completou 25 anos e finalmente poderia se casar sem a autorização da rainha, o governo do então primeiro-ministro Anthony Eden, ele mesmo divorciado, se negou a aprovar a união. Caso Margaret decidisse seguir em frente, precisaria abdicar de seus privilégios reais, o que não aceitou fazer.
Princesa Anne e Mark Phillips
A única filha da rainha Elizabeth II, Anne, casou-se com o capitão Mark Phillips em 1973, e com ele teve dois filhos, Peter e Zara. Em 1989, contudo, o casal anunciou sua separação após a imprensa britânica descobrir que Anne mantinha um caso com um dos cavaleiros do palácio, Timothy Laurence.
Anne e Mark Phillips se separaram pouco depois e firmaram o divórcio em 1992. No mesmo ano, a princesa casou-se com Laurence, com quem continua até hoje.
Príncipe Charles e Princesa Diana
Um dos casamentos mais noticiados do planeta, Charles e Lady Diana Spencer se conheceram quando o príncipe namorava Sarah, a irmã mais velha da jovem. Famoso por sua ocupada vida romântica, o herdeiro do trono britânico começou a namorar Diana quando ela tinha 19 anos. O casal ficou noivo após apenas alguns encontros.
A mídia britânica foi à loucura com a jovem, que rapidamente tornou-se uma celebridade. Em paralelo, Charles mantinha um caso com Camilla Parker Bowles, uma ex-namorada que havia se casado com outro homem e que não vinha de família aristocrática. Na véspera de seu casamento, Diana supostamente teria encontrado nas coisas de Charles um bracelete para Camilla. O casal, entretanto, uniu-se em 1981 e teve seu primeiro filho, William, no ano seguinte.
Tanto Charles quanto Diana mantiveram casos extraconjugais: o príncipe voltou a se encontrar com Parker Bowles, enquanto a princesa supostamente se relacionava com o capitão James Hewitt. A união chegou ao fim em 1992, meses após o lançamento de uma biografia escrita secretamente com a colaboração de Diana. Ao autor do livro, o jornalista Andrew Morton, a princesa narrou o colapso de seu casamento, o caso de Charles com Parker Bowles e sua debilitada saúde mental.
O palácio negou que tenha ouvido traição, mas os tabloides explodiram e a credibilidade da monarquia despencou. Após o divórcio, Diana perdeu seu título real, mas tornou-se uma das figuras mais cobiçadas por fotógrafos e jornalistas do planeta, tendo sua vida pessoal estampada em páginas de jornal. Ela morreu em 1997, em um acidente de carro em Paris enquanto o veículo em que estava era perseguido por paparazzis.
Príncipe Andrew e Sarah Ferguson
Integrante da família real vivo com mais escândalos na bagagem, Andrew teve um casamento conturbado com Sarah Ferguson. A dupla, que se conheceu ainda criança, se reconectou durante a vida adulta por meio de Diana, de quem Sarah era amiga, e se casou em 1986.
Andrew e Sarah, contudo, passavam muito tempo distantes e, em 1992, se separam legalmente. Em agosto daquele ano, ela foi fotografada durante as férias tendo seu dedo do pé chupado por John Bryan, um milionário texano, enquanto suas filhas brincavam. As fotos estamparam jornais pelo mundo, causando uma crise de imagem para o palácio.
Fergie e Andrew eventualmente se divorciaram, mas continuaram amigos. Segundo a imprensa britânica, eles até mesmo dividem uma casa.