Domingo, 09 de março de 2025
Por Redação O Sul | 14 de dezembro de 2024
Braga Netto foi indiciado no mês passado junto ao ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 35 pessoas.
Foto: José Cruz/Agência BrasilO general Braga Netto, ex-ministro da Defesa e ex-vice de Bolsonaro na chapa de 2022, preso neste sábado (14) no Rio de Janeiro, foi apontado pela Polícia Federal (PF) como um dos responsáveis pela tentativa de golpe de Estado e, também, de assassinato de autoridades.
Braga Netto foi indiciado no mês passado junto ao ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 35 pessoas, por supostamente participar da trama que teria o objetivo de manter o ex-presidente no poder.
Entre as implicações elencadas pela PF, está a aprovação do plano para assassinar os então presidente e vice-presidente eleitos Lula e Geraldo Alckmin, e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
O plano, elaborado pelo general da reserva Mario Fernandes – preso em novembro, foi apresentado a Braga Netto, em reunião na casa do ex-ministro de Bolsonaro em novembro de 2022.
Segundo a PF, o planejamento chamado de “Punhal Verde e Amarelo” falava em assassinar, em dezembro de 2022, as três autoridades.
Naquele momento, Lula e Alckmin já tinham sido eleitos, mas ainda não tinham tomado posse na presidência da República. Moraes era presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Na casa de Braga Netto, o tenentes-coronéis Mauro Cid e Ferreira Lima, e o major Rafael de Oliveira discutiram o plano junto a Braga Netto, que teria aprovado o documento.
A reunião foi em 12 de dezembro, três dias antes da data escolhida para os crimes.
“A reunião contou com o tenente-coronel MAURO CESAR CID, o Major RAFAEL DE OLIVEIRA e o Tenente-Coronel FERREIRA LIMA, oportunidade em que o planejamento foi apresentado e aprovado pelo General BRAGA NETTO”, escreve a PF.
Investigação da PF aponta também que os golpistas previam colocar os generais Augusto Heleno, então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e Braga Netto, como comandantes de um gabinete de crise como resposta às mortes das autoridades.
A decisão aponta que Braga Netto fez contato por telefone com o general Mauro Cesar Lourena Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cid, para “controlar o que seria repassado à investigação, e, ao que tudo indica, manter informado os demais integrantes da organização criminosa”.
Em depoimento, Mauro Cid admitiu que “não só ele (Braga Netto) como outros intermediários tentaram saber” o que ele disse na delação. Além da prisão preventiva, Moraes autorizou buscas nos endereços de Braga Netto.
Ao analisar pedido da PF, o ministro apontou que as investigações da operação Contragolpe e depoimentos do colaborador Mauro Cid “revelaram a gravíssima participação de Walter Souza Braga Netto nos fatos investigados, em verdadeiro papel de liderança, organização e financiamento, além de demostrar relevantes indícios de que o representado atuou, reiteradamente, para embaraçar as investigações”.
A PF apontou “fortes e robustos elementos de prova” que demonstram a participação ativa do general Braga Netto na tentativa de pressão aos comandantes das Forças Armadas para aderirem à tentativa de golpe.
O plano previa envenenar Lula e Moraes e, em seguida, instituir o “Gabinete Institucional de Gestão da Crise”. Havia, inclusive, uma minuta pronta para a sua criação, documento encontrado com o general Mário Fernandes em 19 de novembro.
Além dos generais Heleno e Braga Netto, a investigação da PF identificou que o grupo teria outros militares em sua formação, entre os quais o general Mário Fernandes e Filipe Martins, à época assessor de Bolsonaro.