Sexta-feira, 31 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 10 de dezembro de 2022
A gestão do ministro Paulo Guedes à frente do Ministério da Economia chega ao fim em 20 dias, quando termina o governo Jair Bolsonaro (PL) e começa o governo do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Nesta sexta (9), Lula anunciou o desmembramento do Ministério da Economia e a recriação do Ministério da Fazenda. Essa pasta será comandada pelo ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação Fernando Haddad (PT).
Guedes, de perfil liberal, começou o governo Bolsonaro com status de superministro e concentrou poderes.
Além da Fazenda, ele ficou responsável pela antigas pastas do Planejamento, da Indústria e Comércio Exterior e do Trabalho e Previdência. Posteriormente, a pasta do Trabalho e Previdência saiu de seu domínio.
Ficou conhecido como o “posto Ipiranga” de Bolsonaro, em referência à influência que tinha sobre o presidente.
A gestão de Guedes ficou conhecida pela defesa de um Estado enxuto, corte de gastos e embates com a área política do governo Bolsonaro.
Ele também ganhou as manchetes em razão de frases polêmicas. Relembre as principais abaixo:
Fies e domésticas
Fies para o filho do porteiro – Em abril de 2021, Guedes classificou o Fies, programa de financiamento estudantil, como “bolsa para todo mundo” e “um desastre”.
“O porteiro do meu prédio virou pra mim e falou: ‘Eu tô muito preocupado’. Eu disse: ‘O que houve?’ Ele disse: ‘Meu filho passou na universidade’. Eu: ‘Ué, mas você não tá feliz por quê? Ele: ‘[Meu filho] tirou 0 na prova. Tirou 0 em todas as provas. Recebi um negócio financiado escrito ‘parabéns seu filho tirou…’ Aí tinha um espaço pra preencher… e lá 0. Seu filho tirou 0 e acaba de se ingressar na nossa escola. Estamos muito felizes.”
Domésticas na Disney: “uma festa danada” – Em fevereiro de 2020, Guedes afirmou que o dólar baixo em governos anteriores fazia com que empregadas domésticas pudessem ir à Disney, nos Estados Unidos. E que, com o dólar mais alto, turistas viriam para o Brasil.
“Não tem negócio de câmbio a R$ 1,80. Vou exportar menos, substituição de importações, turismo, todo mundo indo para a Disneylândia. Empregada doméstica indo pra Disneylândia, uma festa danada”, criticou.
Dólar
Dólar a R$ 5 “se eu fizer muita besteira” – Em março de 2020, quando o dólar chegou a R$ 4,60, Guedes afirmou que a moeda americana ultrapassaria os R$ 5 se ele fizesse “muita besteira”.
“Eu estou dizendo que é um câmbio que flutua, se eu fizer muita besteira, ele pode ir para esse nível [R$ 5]. Se eu fizer muita coisa certa, ele pode descer”.
A moeda bateu esse patamar no mês seguinte e, entre maio de 2020 e novembro deste ano, a média mensal da cotação só caiu abaixo dos R$ 5 em um único mês (maio de 2022).
“Não adianta ficar sentado chorando” – Ao comentar um novo aumento nas contas de luz em 2021 motivado pela crise hídrica, Guedes disse que era preciso “enfrentar” o preço, e não “ficar sentado chorando”.
Banco do Brasil: “Vender essa porra logo” – Na fatídica reunião ministerial de 22 de abril de 2020, usada em uma troca de acusações entre Bolsonaro e o ex-ministro Sergio Moro, Paulo Guedes foi filmado fazendo duras críticas à gestão do Banco do Brasil.
“O senhor já notou que o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] e a Caixa, que são nossos, públicos, a gente faz o que a gente quer. Banco do Brasil, a gente não consegue fazer nada e tem um liberal lá. Então, tem que vender essa porra logo”, disse.
Covid
Ofensas à mulher de Macron – Em 2019, Guedes usou uma palestra em Fortaleza para defender as ofensas proferidas por Jair Bolsonaro à primeira-dama da França, Brigitte Macron. Para isso, repetiu os comentários machistas sobre a francesa.
“A preocupação é assim: xingaram a [Michele] Bachelet, xingaram a mulher do Macron , chamaram a mulher de feia. […] Tudo bem, é divertido, não tem problema nenhum. É tudo normal e é tudo verdade. Presidente falou mesmo, e é verdade mesmo, a mulher é feia mesmo [sorri, e a plateia ri e aplaude]. Não existe mulher feia, existe mulher observada do ângulo errado”.
“Vírus chinês” e vacina menos efetiva – Em 2021, Guedes reuniu várias teorias da conspiração e fake news ao afirmar, em reunião do Conselho de Saúde Suplementar, que os chineses tinham inventado o vírus da Covid e que produziam vacinas menos efetivas que as dos laboratórios norte-americanos.