Sexta-feira, 22 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 31 de julho de 2022
Um relógio que teria pertencido ao líder da Alemanha nazista, Adolf Hitler, foi vendido em um leilão por U$S 1,1 milhão (R$ 5,17 milhões na cotação atual), a um comprador anônimo. Líderes judeus haviam pedido que a venda não fosse realizada. O objeto tem uma suástica e as iniciais de Hitler gravadas na parte exterior.
A casa de leilões americana Alexander Historical Auctions, em Maryland, que já ofereceu outros objetos associados a nazistas no passado, defendeu a venda, afirmando que seu objetivo é preservar a história.
Hitler comandou a Alemanha nazista entre 1933 e 1945, orquestrando o assassinato sistemático de até 11 milhões de pessoas – das quais 6 milhões foram mortas por serem judias.
O relógio foi um presente oferecido a Hitler em abril de 1933, pelo Partido Nazista em razão do seu aniversário de 44 anos, quando fora nomeado cidadão honorário da Baviera. A peça foi feita e gravada pela relojoaria alemã Andreas Huber, em Munique.
Historiadores acreditam que o acessório foi apreendido por um soldado francês em 4 de maio de 1945, quando sua unidade se tornou a primeira força aliada a chegar à casa de repouso de Hitler em Berchtesgaden, nas montanhas da Baviera. Mais tarde, o relógio foi revendido e esteve na mesma família por gerações.
No mesmo lote, foram leiloados também um papel higiênico da Wehrmacht (Forças Armadas da Alemanha nazista), talheres e taças de champagne pertencentes a líderes nazistas e objetos da parceira de Hitler, Eva Braun, incluindo um vestido e uma coleira de seu cachorro decorada com suásticas. Os leilões ocorreram na última semana, durante dois dias.
Líderes judeus
Antes do leilão, a Associação Judaica Europeia (EJA, na sigla em inglês), baseada em Bruxelas, havia pedido à casa de leilões americana para que abandonasse a venda dos objetos nazistas, em uma carta aberta que foi assinada por 34 líderes judeus
“Este leilão, inconscientemente ou não, está fazendo duas coisas: uma, socorrer aqueles que idealizam o que o partido nazista representava. Duas: oferecer aos compradores a chance de excitar um convidado ou ente querido com um item pertencente a um assassino genocida e seus apoiadores”, escreveu o presidente da EJA, rabino Menachem Margolin, na carta.
“Embora seja óbvio que as lições da história precisam ser aprendidas – e artefatos nazistas legítimos pertencem a museus ou locais de ensino superior – os itens que vocês estão vendendo claramente não”, completou o rabino, dirigindo-se à casa de leilões.
Casa se defende
Mindy Greenstein, vice-presidente sênior da Alexander Historical Auctions, disse que o objetivo da organização era preservar a história e que a maioria de seus colecionadores mantém os itens adquiridos em coleções particulares ou os doa a museus do Holocausto em todo o mundo.
“Se a história é destruída, não há provas de que ela aconteceu”, disse ela. “Seja uma história boa ou ruim, ela deve ser preservada.”
Greenstein afirmou ainda que a casa de leilões vende todos os tipos de artefatos históricos, mas que a Segunda Guerra Mundial continua sendo um tópico popular devido ao interesse público contínuo e considerável.