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Por Redação O Sul | 16 de outubro de 2020
O tratamento com remdesivir contra a Covid-19, que foi usado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem pouco ou nenhum efeito na redução de mortalidade, informou nesta sexta-feira (17) a OMS (Organização Mundial da Saúde) com base em resultados preliminares de testes clínicos realizados em 30 países. A conclusão é um duro golpe para o grupo farmacêutico Gilead, que produz esse medicamento.
Os testes da OMS chegam às mesmas indicações sobre a hidroxicloroquina, que tem sido propagada pelo presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, além do lopinavir/ritonavir e o interferon.
Os testes com essas drogas foram feitos com 11.266 pacientes hospitalizados no contexto dos “testes de solidariedade”, um programa da OMS.
Conforme a entidade, o estudo analisou os efeitos desses tratamentos na mortalidade geral, início da ventilação e duração da internação em pacientes hospitalizados.
Segundo a OMS, outros usos das drogas, por exemplo no tratamento de pacientes na comunidade ou para prevenção, teriam de ser examinados por meio de diferentes ensaios.
No começo deste mês, um estudo americano sobre o remdesivir tinha mostrado que o tratamento permitia reduzir em cinco dias o prazo de melhora do paciente.
Nesta sexta, em reação ao novo resultado, agora da OMS, a Gilead declarou que os dados da organização internacional “parecem inconsistentes” em relação àqueles obtidos no estudo que validou os efeitos positivos da droga.
Segundo a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), o remdesivir teria preço de US$ 2.340 por um tratamento de cinco dias em boa parte dos países. Isso apesar de sua produção custar menos de US$ 9 por tratamento, pelos cálculos da MSF.
De acordo com a Gilead, os pacientes hospitalizados que receberam remdesivir se recuperaram, em média, cinco dias mais rápido do que aqueles que tomaram o placebo. Entre os pacientes em estado mais grave, a recuperação foi sete dias mais rápida.
Segundo a companhia, com o remdesivir “a possibilidade de os pacientes progredirem para estágios mais graves foi reduzida”, e o medicamento “reduz a capacidade do vírus de se replicar no corpo”.
Nos Estados Unidos, o remdesivir não é oficialmente aprovado. Em maio, a droga recebeu uma autorização de uso de emergência da Food and Drug Administration (FDA), agência governamental que aprova o uso de produtos de saúde pública.
Na época, Trump disse que a situação era “muito promissora”. Já o chefe da FDA, Stephen Hahn, afirmou que a aprovação “aconteceu na velocidade da luz” e chamou o medicamento de um “importante avanço clínico”.
Em julho, a Comissão Europeia autorizou o uso do antiviral remdesivir no tratamento do novo coronavírus. As informações são do jornal Valor Econômico e da emissora internacional de notícias da Alemanha Deutsche Welle.