Sexta-feira, 15 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 4 de agosto de 2024
A farmacêutica Lilly anunciou que o uso de tirzepatida é capaz de reduzir o risco de morte em adultos com um tipo de insuficiência cardíaca e obesidade. Além disso, o remédio reduziu o total de hospitalizações por insuficiência cardíaca e o aumento do uso de diurético oral para tratamento dos pacientes cardíacos.
A tirzepatida é a molécula usada no medicamento Mounjaro. O remédio está aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o tratamento de diabetes tipo 2.
Ainda sem divulgação em revista científica ou revisão por cientistas independentes, os dados anunciados fazem parte do estudo clínico de fase 3 SUMMIT. Segundo a empresa, a pesquisa acompanha 731 participantes nos EUA, Argentina, Brasil, China, Índia, Israel, México, Porto Rico, Rússia e Taiwan.
A redução dos desfechos negativos foi verificada em um grupo específico de pacientes cardíacos, aqueles que sofrem de insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada.
A empresa diz que “continuará avaliando os resultados do SUMMIT, que serão apresentados em uma reunião científica e submetidos a um periódico para revisão por pares”. Além disso, planeja enviar os resultados ao FDA (Food and Drug Administration) dos EUA.
Segundo a empresa, a redução do “risco relativo para a primeira ocorrência de desfechos cardiovasculares” foi de 38%. Entre os chamados desfechos estão a morte, hospitalizações e aumento na medicação.
De acordo com a empresa, os eventos adversos mais comumente relatados no estudo foram náuseas, diarreia, diminuição do apetite e constipação, geralmente leves a moderados em gravidade. A perda de peso também foi relatada: “na análise de eficácia estimada, a tirzepatida levou a uma redução de peso de 15,7%”, informou a empresa.
Insuficiência cardíaca
A ICFEp é uma condição na qual a câmara de bombeamento do coração fica rígida, o que faz com que o órgão não tenha capacidade de bombear o sangue adequadamente para todo o corpo. Ela está associada a uma série de sintomas e limitações físicas que afetam a qualidade de vida dos pacientes, como fadiga, falta de ar, redução da capacidade de se exercitar e inchaço das extremidades.
“Mundialmente 64 milhões de pessoas vivem com insuficiência cardíaca e até 2030 a previsão é de um aumento de mais de 50%. Essa condição impacta muito a qualidade de vida dos pacientes, e no Brasil, ela é a causa número 1 de hospitalização de pessoas acima de 60 anos, sem contar o impacto de mortalidade. Em 5 anos após o diagnóstico, a taxa de mortalidade é de aproximadamente 50%. Por isso, resultados como os alcançados com tirzepatida são tão importantes para tratar essa doença”, explicou, em nota, Luiz Magno, Diretor Sênior da Área Médica da Lilly Brasil.
Como funciona
Considerada a substância mais efetiva na perda de peso disponível no mercado, a tirzepatida proporciona reduções que chegam a valores superiores a 20% em um período de 9 meses – como demonstraram dados de um estudo publicado na revista científica JAMA (Journal of the American Medical Association).
A substância simula a ação de dois hormônios no corpo:
* GIP: que atua na liberação de insulina, diminuindo o apetite e a glicose sanguínea;
* GLP-1: que atrasa o esvaziamento gástrico, promovendo a saciedade e diminuindo o apetite.
Como os demais remédios que geram perda de peso, como o Ozempic e o Victoza, a tirzepatida controla a glicose no sangue e proporciona saciedade.
Apesar de já ter seu uso aprovado pela Anvisa, o Mounjaro ainda não está disponível no mercado brasileiro por conta da alta demanda global. A previsão é que ele comece a ser comercializado ainda em 2024.