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Por Redação O Sul | 16 de fevereiro de 2019
A Renault informou que cancelou um pacote de indenização do executivo Carlos Ghosn, de 30 milhões de euros, depois que ele foi forçado a deixar o comando do grupo após ser preso no Japão no final do ano passado acusado de fraude financeira.
Apoiado pelo governo francês, maior acionista da montadora, o conselho de administração da Renault decidiu retirar o pacote de 25,9 milhões de euros em pagamentos a Ghosn e cancelar 4 milhões a 5 milhões de euros relacionados a uma cláusula de não concorrência.
Os pagamentos a Ghosn, que continua detido no Japão esperando julgamento, estavam “sujeitos a sua presença na Renault”, afirmou a companhia. “O conselho, por unanimidade, decidiu que tal condição não foi cumprida, disparando a perda dos direitos do senhor Ghosn.”
O principal advogado de Ghosn no Japão, Motonari Otsuri, pediu demissão.
Ghosn afirmou que a mudança de advogados é “a primeira etapa de um processo” que permitirá “restabelecer sua inocência”.
“Estou impaciente para poder me defender, com vigor, e esta escolha representa para mim a primeira etapa de um processo não apenas para restabelecer minha inocência, mas também para jogar luz sobre as circunstâncias que levaram a minha detenção injusta”, afirmou em um comunicado enviado à imprensa.
Ghosn é acusado de três delitos de abuso de confiança e de dissimulação de renda às autoridades da Bolsa entre 2010 e 2018. Ele nega.
Advogado de defesa
A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) enviou uma carta à Federação dos Advogados do Japão solicitando que a entidade adote as medidas necessárias para garantir os direitos do executivo brasileiro, Carlos Ghosn.
Ex-CEO e mentor da aliança entre as montadoras Nissan, Renault e Mitsubishi, Ghosn está preso preventivamente em Tóquio desde 19 de novembro de 2018, acusado de sonegação fiscal e de desviar recursos das empresas para fins pessoais.
Claudio Lamachia, presidente da OAB, afirma no documento que a entidade, sem entrar no mérito das razões da prisão, está preocupada com as “violações de direitos humanos” sofridas pelo executivo. “Ghosn se encontra em prisão preventiva injustificada, submetido a condições que violam sua integridade física e moral, com claro intuito de obter confissão sob tortura”, diz o documento ao qual a reportagem teve acesso.
A manifestação da OAB é resultado de um pedido do escritório Siqueira Castro Advogados – um dos sócios é próximo da família de Ghosn há anos.
Os familiares do executivo – que tem cidadanias brasileira, libanesa e francesa- vem insistindo para que o Brasil se envolva mais diretamente no caso, alegando violações dos direitos humanos.
De acordo com relatos dos familiares, Ghosn estaria sendo mantido numa cela minúscula, com luzes acessas dia e noite e sem roupas adequadas para o rigoroso inverno japonês. Eles dizem que o executivo perdeu 15 quilos e vem tendo episódios de febre e delírios.