Segunda-feira, 02 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 1 de dezembro de 2024
Com a ocupação batendo recorde, o percentual de desempregados no País caiu para 6,2% no trimestre encerrado em outubro. Trata-se da menor taxa já registrada na série histórica da pesquisa, iniciada em 2012. Antes disso, o menor nível foi registrado em dezembro de 2013, quando ficou em 6,3%. O rendimento de todos os trabalhos (já descontado a inflação) ficou em R$ 3.255, sem variação estatisticamente significativa frente ao trimestre. No ano, contudo, a alta é de 3,9%.
Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo instituto nessa sexta-feira (29). O resultado veio em linha com a estimativa dos analistas, que projetavam desemprego na casa de 6,2%, segundo mediana das projeções da Bloomberg.
Especialistas projetam que a taxa de desemprego no Brasil deve cair para algo entre 5,8% e 6% até o fim do ano, um nível considerado abaixo do pleno emprego, quando a escassez de mão de obra pode pressionar os salários e a inflação. Por isso, entendem que o Banco Central precisará monitorar de perto o desempenho do mercado de trabalho para calibrar os juros e controlar os preços.
Claudia Moreno, economista do C6 Bank, espera que o desemprego caia até 6%. Ela destaca que o aumento da ocupação contribui para o crescimento da economia; por outro, torna mais difícil controlar os preços, especialmente em um cenário de deterioração das expectativas de inflação e câmbio depreciado.
“Aumentou o risco de o Copom (Comitê de Política Monetária) fazer um ajuste mais intenso na taxa de juros na próxima reunião, de dezembro”, alerta.
Já Igor Cadilhac, economista do PicPay, projeta que o desemprego encerre o ano em 5,8%. Ele avalia que a economia está operando perto de sua capacidade máxima e isso traz alguma preocupação, sobretudo com a nova regra do salário-mínimo. Mas ele não acredita que o Copom subirá os juros além de 0,50 ponto na próxima reunião:
“Estamos em pleno emprego e o hiato do produto positivo já tem pressionado via salários e inflação, mas acredito que isso já esteja no preço. Pensando nos juros em dezembro, o foco fica integralmente por conta do fiscal.”
Rodolpho Tobler, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE) projeta que o desemprego atinja 6% até o fim do ano, puxado por um aquecimento devido a fatores sazonais. Mas pondera que, a partir do ano que vem, o ritmo de melhoria deve desacelerar em linha com a economia:
“Espera-se que a atividade dê uma certa esfriada na virada de 2024 para 2025, e com isso levaria o mercado de trabalho também a diminuir um pouco seu ritmo.”
Recorde de ocupados
Segundo o IBGE, a queda do desemprego é um reflexo do maior número de trabalhadores, que chegou a 103,6 milhões – o maior contingente da série histórica. Os números também são recorde no setor privado, com 53,4 milhões de empregados, dos quais 39 milhões têm carteira assinada e 14,4 milhões trabalham sem carteira, ambos os maiores números já registrados.
Para Adriana Beringuy, coordenadora de Pesquisas Domiciliares do IBGE, os resultados positivos do mercado de trabalho são reflexo de uma combinação de fatores econômicos que envolvem tanto a dinâmica de produção quanto a resposta do mercado de trabalho a esse cenário.
Ela ressalta que o recorde de ocupação é significativo não apenas por retomar os níveis de 2013, mas também por ocorrer em um contexto pós-pandemia: “os dados são muito consistentes e especialmente satisfatórios, dado o retrospecto recente dos desafios enfrentados pelo setor.”
Ela cita que o nível de ocupação atingiu 58,7% no trimestre encerrado em outubro, superando o recorde anterior de 58,5%, registrado em 2013. O indicador mede a proporção de pessoas com 14 anos ou mais que estão trabalhando.
Mais de 1,6 milhão de brasileiros ingressaram no mercado de trabalho no trimestre móvel encerrado em outubro, uma alta de 1,5% em relação ao período de maio a julho. Três das dez atividades analisadas pela pesquisa impulsionaram o aumento da ocupação.
A indústria absorveu mais 381 mil trabalhadores, um aumento de 2,9% da mão de obra. Aqui, o destaque foi o segmento de confecção de vestuário, cuja contratação pode ser relacionado à proximidade do fim de ano e à crescente demanda por produtos desse tipo, destaca Adriana. As informações são do jornal O Globo.