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Por Redação O Sul | 30 de março de 2023
O diretor-presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Carlos Melles, apresentou sua renúncia após uma queda de braço com o governo Lula que se estendeu ao longo de meses. Melles cedeu à pressão de Paulo Okamotto, ex-dirigente da entidade que operava em nome de Lula para viabilizar a destituição de toda a diretoria, nomeada nos últimos dias do governo Jair Bolsonaro.
Como os diretores têm mandato fixo de quatro anos, eles só sairiam, em tese, no final do mandato do atual presidente. No arranjo costurado por Okamotto, que inclui um acordo com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), permanecerão na diretoria Bruno Quick e Margarete Coelho.
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Além disso, o ex-deputado federal Décio Lima, que disputou o governo de Santa Catarina pelo PT em outubro passado e perdeu para Jorginho Mello (PL), deverá assumir a presidência com as bênçãos do aliado de Lula.
A renúncia de Melles, ex-deputado pelo antigo DEM e ex-ministro do Esporte e Turismo no governo Fernando Henrique Cardoso, foi formalizada em uma carta entregue ao presidente do Conselho Deliberativo Nacional do Sebrae, José Zeferino Pedroso. Ele chegou a ameaçar recorrer à Justiça para permanecer no cargo, o que não ocorreu.
O impasse foi desfeito depois que Okamotto entrou em contato com a Confederação Nacional da Agricultura, que fazia questão de manter Quick na cúpula do Sebrae. Embora tido como um quadro técnico, ele era visto no governo como uma indicação bolsonarista, assim como Melles. Um acordo prévio entre o presidente e Arthur Lira já havia selado a manutenção de Margarete, ex-deputada federal do Piauí pelo PP.
Durante a transição de governo, o vice-presidente Geraldo Alckmin tentou convencer a cúpula do Sebrae a adiar a eleição dos conselheiros para depois da posse de Lula, mas os apelos foram ignorados. Alckmin ouviu do presidente do conselho que o processo eleitoral já estava em curso e que uma mudança poderia provocar um vácuo de poder na entidade.
Após Lula assumir a presidência, Okamotto abordou os diretores da entidade e sugeriu que renunciassem. Nenhum deles aceitou de pronto. Desde então, Melles tentava se manter no cargo em meio à dificuldade do governo em garantir o apoio de 11 dos 15 conselheiros para efetuar as mudanças na cúpula do Sebrae.
Uma reunião convocada para destituir os indicados por Bolsonaro chegou a ser cancelada no último dia 8 porque Lula e Okamotto não tinham reunido os votos necessários.
Embora o Sebrae não seja um órgão estatal, e sim uma entidade autônoma financiada com recursos do sistema S, o governo tem cinco dos 15 conselheiros da entidade e sempre exerceu influência política decisiva.
Além do orçamento de pouco mais de R$ 5 bilhões anuais para o fomento ao empreendedorismo, o Sebrae tem 2.649 pontos de atendimento espalhados pelo país e está implantando uma agência de financiamento orientada para pequenas empresas.