O Gabinete de Crise avançado instalado pelo governo gaúcho em Bento Gonçalves, sob a coordenação do secretário-chefe da Casa Civil, Artur Lemos, iniciou as atividades ainda na madrugada de quinta-feira (2) na tentativa de evitar o rompimento da barragem 14 de Julho, localizada no Rio das Antas, em Cotiporã. A atuação do gabinete também se concentra no resgate de pessoas que estão em áreas de risco.
Era preciso levar uma equipe de manutenção até o local para ajustar a vazão e diminuir a possibilidade de estragos na estrutura da Companhia Energética Rio das Antas (Ceran). Com acessos terrestres bloqueados, a única opção era o uso de helicóptero. Houve tentativa de sobrevoo às 5h, às 7h e no meio da manhã. Contudo, a chuva persistente não permitiu aproximação com segurança. No início da tarde, parte do lado direito da barragem se rompeu, liberando uma passagem ainda maior do fluxo de água do Rio das Antas.
Imediatamente, o secretário acionou a equipe da Casa Civil no gabinete avançado para alertar municípios abaixo da barragem, como o distrito de Santa Bárbara, São Valetim do Sul e Santa Tereza, sobre o volume extravazado de água que poderia chegar. O nível da água nessas localidades – já bastante elevado – tenderia a não subir muito, mas havia o risco de novos prejuízos e perdas de vidas por conta da velocidade da água.
“Tivemos tempo e agimos rapidamente acionando prefeituras. A onda foi reduzindo a força ao longo da descida”, disse o secretário. “Vamos permanecer em alerta. Aguardamos uma oportunidade de sobrevoo para levar equipe até a barragem para abrir comportas e minimizar os efeitos da força da água na estrutura”, acrescentou Artur.
Sem a possibilidade de voos, o resgate de pessoas em áreas isoladas foi feito por via terrestre, pelo meio do mato em muitas localidades. “Muitas pessoas foram salvas. Minhas palavras de gratidão ao Corpo de Bombeiros e aos voluntários que participaram ativamente deste trabalho”, afirmou o secretário-chefe da Casa Civil. Em Bento Gonçalves, houve ação coordenada para a retirada de famílias próximas à barragem São Miguel do Buriti, no município.
“A chuva não dá trégua. O que vem causando preocupação são os deslizamentos de terra que podem ocorrer. Vamos seguir atentos a esta situação pelo tempo que for necessário”, enfatizou Artur.
Resgate
O segundo dia de trabalho do Gabinete de Crise avançado em Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo, foi de alinhamento para garantir o abastecimento das cidades atingidas. O vice-governador Gabriel Souza reuniu, nessa sexta-feira (3), as equipes do governo do Estado, que até a manhã realizaram o resgate de aproximadamente 2.500 pessoas na região.
“Não temos mais registros de pessoas aguardando socorro nos telhados da região do Vale do Rio Pardo graças ao trabalho intensivo das equipes de segurança do Estado nas últimas horas”, informou o vice-governador. Ele reforçou que as operações de salvamento seguem ocorrendo em cidades do Vale do Taquari, inclusive com apoio de aeronaves e equipes de outros Estados, como Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo.
Este sábado (4) será dedicado a levar suporte humanitário até os municípios e as comunidades que se encontram isolados no Vale do Rio Pardo e no entorno.
“Uma aeronave da Brigada Militar vai percorrer a região com mantimentos de primeira ordem e levar para as cidades mais necessitadas, que são aquelas sem acesso por rodovias e pontes, bloqueadas ou perdidas em razão das chuvas”, explicou Gabriel.
Segundo ele, inicialmente serão atendidas pelo menos oito comunidades em Sinimbu, além de outras localidades que serão mapeadas durante o dia. Serão entregues água potável, alimentos, medicamentos, itens de higiene e outros insumos.
Simultaneamente, o resgate de pessoas seguirá ocorrendo no Vale do Taquari, e também deve ser acentuado na Região Metropolitana de Porto Alegre, devido à elevação do nível do Guaíba.
Em entrevista coletiva no fim da tarde desta sexta-feira (3), o governador Eduardo Leite informou que mais de 8.600 pessoas foram resgatadas através de operações aéreas, marítimas e terrestres realizadas pelas forças de resposta integradas.
“Estamos buscando todos os meios, todas as formas de acessar as comunidades e salvar vidas. Muitas delas ainda estão inacessíveis. Ainda assim, o efetivo está sendo incansável. Por isso, quero agradecer o apoio de cada um dos homens e mulheres que estão cumprindo uma missão em um momento histórico, que estão à altura do que este momento exige”, disse.