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Resultado deste domingo será termômetro para Lula em São Paulo

(Foto: Ricardo Stuckert/PR)

No dia 16 de agosto, o Partido dos Trabalhadores, sigla do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, anunciou que estava iniciando a campanha para as eleições municipais com 1.380 candidatos a prefeito e 1.301 a vice-prefeito, mais do que em 2020. Nesse manancial de postulantes, contudo, uma disputa específica já se destacava pelo seu valor simbólico e político para Lula: a eleição para a Prefeitura de São Paulo.

Hoje, na reta final da campanha, é possível dizer que o resultado apurado no domingo não determinará o sucesso ou o fracasso de uma eventual candidatura de Lula à reeleição em 2026. Mas ele deverá ser visto, sim, como um termômetro da popularidade do presidente na capital de São Paulo, onde venceu em 2022, e um teste à estratégia capitaneada a partir do Palácio do Planalto de, à revelia de alas do PT, ceder espaços em algumas capitais com o objetivo de já construir alianças visando o crescimento da bancada no Senado na próxima eleição.

Deve-se observar, é verdade, que essa disputa também é estratégica para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Habitat de 9,3 milhões de eleitores, a cidade de São Paulo tem o maior colégio eleitoral do país. Com orçamento robusto, a prefeitura é uma vitrine capaz de assegurar projeção nacional para o seu titular, seu partido e aliados. Ou, por outro lado, demonstrar a fragilidade daqueles que, mesmo com uma robusta máquina nas mãos, não conseguem manter-se no poder.

Não foi à toa, portanto, que o governador do Estado entrou de cabeça nas mobilizações para a reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB), seu aliado. E que Bolsonaro evitou envolver-se na campanha do emedebista, a qual corre o risco de ficar de fora do segundo turno.

O avanço de Pablo Marçal (PRTB) ainda provocou uma cisão no eleitorado de direita, mas isso não reduziu a pressão também existente à esquerda.

Acordo mantido

Atropelando as críticas de correligionários, Lula manteve-se firme e cumpriu o acordo feito com Boulos em 2022. O hoje deputado federal desistiu de disputar o governo de São Paulo e abriu caminho para a candidatura do PT ao Palácio dos Bandeirantes, recebendo então a palavra do principal líder do PT de que teria o apoio da agremiação dois anos depois.

Em um outro movimento contestado internamente, o presidente bancou o retorno de Marta Suplicy para a sigla e a colocou na vaga de vice. Também assegurou que R$ 30 milhões do fundo eleitoral do PT reforçassem o caixa da campanha de Boulos, gerando insatisfação entre petistas que queriam mais recursos para os seus respectivos comitês.

No dia 1º de maio, o presidente chegou a ser multado por pedir voto antecipado para Boulos em ato de governo. Depois, participou do lançamento oficial da candidatura e gravou material para as peças de propaganda. Mas sua ausência em outros momentos da campanha foi sentida por aliados do candidato, à medida que interlocutores do presidente em Brasília não escondiam o receio de que uma eventual derrota seria colocada na conta do petista.

“Estou torcendo por você como se fosse minha própria candidatura”, disse o presidente em uma “live” com Boulos na noite dessa quinta-feira (3). Foi um exagero retórico, mas Lula demonstrou mais uma vez que o que está em jogo é algo maior. As informações são do jornal Valor Econômico.

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