Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 22 de novembro de 2022
“Devolvam os gols”. A frase viralizou nos grupos de WhatsApp, redes sociais e na vida real dos argentinos, num país revoltado com o primeiro jogo da última Copa do Mundo do craque Lionel Messi. A derrota jamais imaginada, talvez uma das mais amargas num campeonato mundial.
Outras frases também circularam com intensidade após os três gols anulados da Argentina e a surpreendente virada da Arábia Saudita: “É sério, vou voltar a dormir”; “Os árabes são muito agressivos”; “O VAR acabou com o futebol”; “Que palhaçada é essa?”; “Chega, desliguei a televisão”; “A vida é uma merda”, e por aí foi.
Os argentinos acordaram cedo e com enorme expectativa. Afinal, era o primeiro jogo de uma Copa que muitos ainda acreditam que será da seleção de Messi. Mas a confiança na equipe decaiu de forma expressiva, depois de uma derrota inesperada e que foi um balde água gelada entre os apaixonados torcedores argentinos.
Até o ex-presidente Mauricio Macri, que estava presente no estádio, foi acusado nas redes sociais de ser pé frio. O ex-chefe de Estado teve a intenção de visitar a seleção de seu país, mas os jogadores decidiram que não era uma boa ideia. Macri não gostou, claro, mas torceu, como todos os seus compatriotas, e sofreu, como mostraram algumas fotos que circularam na rede social Twitter. Perder para uma seleção considerada das mais fracas da Copa será difícil de digerir para os que se consideravam os mais fortes.
Os comentaristas de TV não conseguiam acreditar no que estavam vendo. Estupefatos, diziam coisas como “este é o momento mais complicado do jogo para a Argentina”, “Messi não consegue acreditar no que está acontecendo”, “este resultado não foi previsto nem nos piores jornais, teremos de tentar entender isso”.
O tempo passava, e a esperança era cada vez menor. A Argentina perdeu diversas oportunidades de gol. Muita tensão no campo de jogo e entre os que aguentaram até o final, acreditando num milagre que não aconteceu. Alguns lembraram da estreia da Argentina na Copa de 1990, na Itália, com o craque Diego Maradona. A seleção foi derrotada por Camarões, mas chegou à final. Talvez uma tentativa de continuar acreditando. Se Maradona conseguiu dar a volta por cima, Messi também conseguirá.
Mas, por enquanto, o que predomina é a indignação. Com o VAR, os juízes e o que muitos consideram um jogo injusto, com gols roubados. Num país onde protestar é quase um esporte nacional, o primeiro jogo da Copa gerou muita reclamação.
A seleção tentou até o último minuto, mas os comentaristas, na reta final, admitiam que “a Argentina não consegue, a Arábia Saudita se impôs”. Nas redes, os mais sensatos admitiam que com este mesmo VAR venceram Inglaterra e Holanda, “o problema é que nós jogamos mal”.
A Copa está apenas começando, e para os argentinos foi com muito sofrimento. Em ritmo de tango, com protesto, revolta e um final trágico. Num país mergulhado em crises intermináveis, a Copa do Mundo é um refúgio, ou pelo menos era, até hoje. Pode acabar virando um pesadelo se a seleção de Messi, a que todos achavam que daria ao país uma alegria que faz tempo não aparece por aqui, não conseguir se reerguer no próximo jogo.