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Saúde Resultados do Ozempic no tratamento do Alzheimer estão prestes a sair; veja o que dizem especialistas

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Testes clínicos de fase 3 com a semaglutida deverão indicar nova alternativa contra a doença. (Foto: Freepik)

Desde 2017, quando o medicamento Ozempic foi aprovado pela primeira vez para o tratamento do diabetes tipo 2, as atenções se voltaram para um ingrediente: a semaglutida. Relatos e análises de pacientes começaram a indicar uma lista de benefícios que iam além do controle do açúcar no sangue e, nos anos seguintes, a molécula recebeu autorização para tratar obesidade, doença cardíaca e renal.

Mas não para por aí. Um estudo publicado neste ano na revista científica Nature Medicine analisou pacientes que fazem uso dos análogos de GLP-1 — classe de medicamentos à qual pertence a semaglutida — e encontrou uma relação dos remédios com risco reduzido de convulsões, dependência de substâncias, transtornos mentais e até melhora da saúde neurológica.

Essas associações apontam caminhos para que testes clínicos específicos descubram se de fato o remédio promove cada um desses benefícios. Mas uma dessas possibilidades, a de que o fármaco seja uma nova alternativa para tatar o Alzheimer, já está em testes, e especialistas aguardam com expectativa os primeiros resultados previstos para este ano.

O neurocientista Mychael Lourenço, professor do Instituto de Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), explica que os análogos de GLP-1 começaram a atrair a atenção no campo há cerca de 15 anos quando a liraglutida (medicamento antecessor da semaglutida) mostrou uma proteção contra o Alzheimer em modelos animais:

“Hoje temos grandes evidências de estudos com animais e modelos em laboratório de que existe um efeito protetor, mas não sabemos como será em humanos. É com otimismo cauteloso que esperamos os resultados. Considerando-se que há mais de 30 anos sabemos que existem conexões entre Alzheimer e doenças metabólicas, levantou-se o interesse se esses medicamentos poderiam ter efeitos em pacientes com doenças neurodegenerativas. Pessoas obesas, por exemplo, têm um risco aumentado de Alzheimer quando chegam à velhice”.

Em 2021, a farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk, responsável pelo Ozempic e pelo Wegovy (versão da semaglutida aprovada para obesidade), deu início a dois estudos de fase 3, chamados de Evoke e Evoke Plus, para testagem de comprimidos orais de semaglutida em cerca de 3,7 mil pacientes de 55 a 85 anos com Alzheimer e comprometimento cognitivo leve, ou seja, no início da doença.

Ambos os estudos acompanham os participantes por aproximadamente três anos e quatro meses, em mais de 400 centros de pesquisa pelo mundo, inclusive no Brasil. A previsão do laboratório é que os primeiros resultados sejam divulgados a partir do final deste ano, explica Mariana Arruda, endocrinologista e diretora médica da empresa no País:

“Temos altas expectativas. Nos próprios estudos para diabetes, quando fizemos a análise dos resultados, vimos que havia algumas relações positivas entre o uso da semaglutida em pacientes que tinham Alzheimer. Isso acendeu uma primeira luz. Agora ela está sendo testada especificamente em uma fase do Alzheimer que é a do comprometimento cognitivo leve, que ocorre antes de se estabelecer a demência. O objetivo é olhar para os pacientes no início da doença e evitar a evolução para os estágios avançados”.

Ela conta que, caso os resultados dos testes sejam positivos, os dados serão suficientes para que a farmacêutica submeta às agências reguladoras um pedido de nova indicação da semaglutida para o Alzheimer: “Se esse for o caso, ideia é que não se demore muito entre a publicação dos resultados e o pedido às agências”.

Tamanha expectativa não é à toa: são poucas e limitadas as alternativas terapêuticas disponíveis hoje para o Alzheimer. As mais recentes e avançadas, os anticorpos antiamiloide, apenas retardam modestamente a progressão da doença. Até agora, nenhum fármaco conseguiu desacelerar de forma mais significativa ou interromper a neurodegeneração.

Mecanismos diferentes

Os pesquisadores explicam que o Alzheimer é uma doença multifatorial, ou seja, não existe uma única causa conhecida. Hoje, é bem estabelecido que um dos processos principais ligados ao diagnóstico é o acúmulo da proteína beta-amiloide formando placas no cérebro, que é seguido pela formação de placas da proteína tau. Por isso, grande parte dos novos medicamentos busca eliminar essas moléculas.

O lecanemabe, produzido pela Eisai com a Biogen, foi o primeiro a realmente interferir no ritmo da perda cognitiva. Em seguida, um segundo remédio, o Donanemabe, da Eli Lilly, demonstrou efeito semelhante. Ambos são anticorpos injetáveis que limpam com sucesso as placas amiloides do cérebro.

Mas essa interferência é modesta, uma diminuição de aproximadamente 30% na progressão do Alzheimer ao longo de um acompanhamento de apenas um ano e meio. Além disso, os fármacos têm custos elevados e riscos consideráveis, com cerca de 15% a 25% dos participantes desenvolvendo edemas e hemorragias cerebrais. (com informações de O Globo)

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https://www.osul.com.br/resultados-do-ozempic-no-tratamento-do-alzheimer-estao-prestes-a-sair-veja-o-que-dizem-especialistas/ Resultados do Ozempic no tratamento do Alzheimer estão prestes a sair; veja o que dizem especialistas 2025-03-19
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