Domingo, 22 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 3 de julho de 2022
Preços do setor responsável por 70% do PIB ganharam ritmo ao subir 0,85% em maio, de acordo com o IBGE.
Foto: ReproduçãoNa contramão da inflação oficial aos consumidores no Brasil, que perdeu força nos últimos dois meses, os preços do setor de serviços fecharam maio com uma variação de preços maior do que a apurada em abril.
De acordo com dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), a inflação do setor, responsável por 70% do PIB (Produto Interno Bruto), foi de 0,85% em maio, ante alta de 0,66% registrada no mês anterior.
No período, contribuiu para a alta os avanços significativos das passagens aéreas (+18,33%), das mudanças (+4,27%), da TV por assinatura (+4%), do seguro voluntário de veículos (+3,49%) e do despachante (+3,34%).
O movimento impediu uma desaceleração ainda maior do índice oficial de inflação, que saiu de uma alta de 1,06% em abril para subir 0,47% no mês de maio. Com a variação, a inflação acumulada para o período de 12 meses perdeu fôlego pela primeira vez em um ano ao atingir 11,73%.
A aceleração do índice específico do setor de serviços é resultado do processo de reabertura após o fim das medidas restritivas, afirma a chefe de economia da Rico, Rachel de Sá. “A inflação de serviços vinha muito mais fraca desde o início de 2021 porque as pessoas mudaram seus comportamentos durante a pandemia e trocaram o consumo de serviços pelo de bens”, avalia.
O movimento também tem colocado o BC (Banco Central) em alerta. No último RTI (Relatório Trimestral de Inflação), divulgado na quinta-feira (30), o BC avalia que o processo de normalização de alguns setores de serviços em diversos países emergentes “deve contribuir para manter pressão sobre os índices de inflação”.
Para a autoridade monetária, o movimento contribuiu para a surpresa negativa dos índices de preço. “Os recentes choques levaram a um substancial aumento nos componentes ligados a alimentos e combustíveis, enquanto a inflação de serviços e de bens industriais se mantém alta. As medidas de inflação subjacente subiram e seguem em patamar acima do compatível com o cumprimento da meta, indicando persistência do processo inflacionário”, destaca o documento.
Rachel ressalta que os preços mais altos do setor surgem com uma procura que ficou represada durante a pandemia. “Ninguém corta o cabelo duas vezes por não ter cortado antes, mas existem muitos outros serviços que ficaram represados, como os relacionados a viagens e, principalmente os prestados às famílias, que estão retomando agora”, explica ao relatar que a retomada influenciou na inflação.