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Retrato da penúria

O eixo do noticiário saiu de Brasília: o Diário Oficial do Rio de Janeiro publicou ontem decreto de estado de calamidade pública. Em outras palavras, o caixa quebrou. Faltam 460 milhões de reais para pagar a segunda parcela do salário de maio aos servidores e não há previsão do cumprimento da obrigação.

BONZINHO

Em 2001, o governador do Rio, Anthony Garotinho, vangloriou-se por conceder o salário mais alto do país ao funcionalismo público. Foi a tática para eleger a esposa Rosinha como sua sucessora.

Naquela época, o Rio navegava nas águas tranquilas dos royalties da Petrobras. Agora, o barco ficou sem motor e à deriva.

ESTE CONHECE

O governador em exercício do Rio de Janeiro, Francisco Dornelles, não integra o time dos que precisam de assessores para explicar o be-a-bá. Estudou na Universidade de Harvard, foi secretário da Receita Federal e ministro da Fazenda.

NAS ALTURAS

A única certeza no Rio de Janeiro é que o governo chegará ao final do ano com déficit de 19 bilhões de reais, quatro vezes maior do que terá o Rio Grande do Sul.

Ontem à noite, surgiu a possibilidade de o governo federal vir em socorro do Rio com 2,9 bilhões de reais na sacola. Os demais endividados exigirão o mesmo tratamento.

FUNDO DO POÇO

O presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal, Cláudio Damasceno, revela dados de pesquisa com resultados surpreendentes. Um deles: 94 por cento dos brasileiros não têm a menor noção de onde vem o dinheiro para pagar as aposentadorias.

Está aí o ponto de partida para sair do buraco em que meteram a Previdência Social.

MUDANÇA

O velho estilo de governar com base no patrimonialismo, no fisiologismo, na distribuição de benesses e nas atitudes demagógicas está a caminho de virar peça de museu.

CAUSA E CONSEQUÊNCIA

Começa a dança das cadeiras: em Santa Maria, o PP deixará a aliança da situação à Prefeitura para se coligar com o PSDB, que é adversário. Com isso, na próxima semana perderá 35 cargos em comissão do Executivo.

RÁPIDAS

* Até o Mato Grosso do Sul pede auxílio temporário da Força Nacional de Segurança Pública. O governo do Rio Grande acha que não precisa.

* Segunda-feira, o governador José Sartori voltará ao muro das lamentações, quer dizer, ao gabinete do presidente Michel Temer.

* Rio de Janeiro, sede dos Jogos Olímpicos, quebra recorde e ganha antecipadamente a medalha na categoria de finanças negativas.

* A crise se alastra pelos estados: delegados e investigadores da Polícia Civil de Minas Gerais entram em greve.

* Firmar alianças é para enxadrista que costuma ver muitas jogadas adiante.

* Em breve, será divulgada lista do que não estão implicados em denúncias de propina.

* Antes, as campanhas eleitorais tinham dinheiro demais e ideias de menos. Com as doações restritas, saberemos o que muda.

* Dizer em algum gabinete do Planalto que não haverá votos para confirmar o impeachment é pior do que deixar cair cinza de cigarro no tapete de um antitabagista.

* Em vez de comissões técnicas, a Câmara dos Deputados passará a usar a expressão grupos técnicos. Comissão levanta suspeitas.

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