Lideranças da Câmara dos Deputados decidiram cancelar a reunião prevista para a noite dessa segunda-feira (14) para discutir o novo arcabouço fiscal.
O encontro ocorreria na casa do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e foi cancela depois de o ministro da Economia, Fernando Haddad, dizer que a Casa tem um poder muito grande e que é preciso construir moderação em relação a outros Poderes.
O relator do arcabouço fiscal, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), também participaria da reunião.
Após a repercussão do comentário, Haddad afirmou que não se referia a pessoas ou a uma legislatura específica da Câmara, mas sobre a instituição, e que sua pasta tem uma relação de parceria tanto com a Câmara quanto com Lira – com quem já conversou para tentar desfazer a confusão.
“O fato é que estamos conseguindo encontrar caminho. Não está fácil, não pense que está fácil. A Câmara está com um poder muito grande e ela não pode usar esse poder para humilhar o Senado e o Executivo. Mas, de fato, ela está com um poder que eu nunca vi na minha vida”, disse Haddad, em podcast do jornalista Reinaldo Azevedo divulgado nessa segunda e gravado na última sexta (11).
Motivação
O motivo do cancelamento da reunião foi confirmado por líderes partidários e aliados de Lira. Líderes estranharam declaração de Haddad sobre poder da Câmara e ressaltaram que sempre tiveram boa vontade com a Fazenda.
“A Câmara tem um papel institucional e democrático de independência. Estamos ajudando o executivo como nunca antes. Isso desde o ano passado com a ‘PEC da Transição’, permitindo o novo governo aumentar em R$ 145 bilhões o teto de gastos. Aprovamos o novo regime fiscal, a reforma tributária. Sinceramente, não entendi essa declaração infeliz com a Casa e seus representantes”, afirmou o líder do PSB, Felipe Carreras (PE).
Ao comentar a própria fala, Haddad disse que a fala não se referia à atual legislatura.
“As minhas reclamações foram tomadas como críticas à atual legislação, estava falando do fim do presidencialismo de coalizão. Tudo o que eu tenho feito é dividir com o Congresso e Judiciário as conquistas.”
Explicações
Segundo o ministro, ele conversou com o presidente da Câmara para tratar do assunto.
“Até falei com Lira, fiz questão de ligar para que isso fosse esclarecido”, completou Haddad.
Na visão do Ministério da Fazenda, o cancelamento não ocorreu por conta da fala de Haddad. O líder do PT na Câmara, deputado Zeca Dirceu (PT-PR), também negou que a declaração tenha tido influência.
‘Não acho que a fala do ministro pegou mal”, disse Dirceu.
Líderes na Câmara afirmaram que a fala gerou ruído entre os deputados e avaliaram que seria melhor remarcar o encontro. Nesta terça-feira (15), os líderes se encontrarão com Lira para discutir o arcabouço fiscal. A presença de Haddad, porém, ainda não foi confirmada.