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Política Reunião de Lula com chanceler é cancelada; Brasil ainda avalia nota sobre prisão de candidato oposicionista da Venezuela

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Decisão da Justiça da Venezuela foi percebida como “inaceitável” e “péssimo sinal” por interlocutores do presidente Lula (foto)

Foto: Ricardo Stuckert/PR
(Foto: Ricardo Stuckert/PR)

A reunião que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria nesta terça-feira (03) com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para tratar sobre a situação na Venezuela foi adiada.

A crise no país vizinho se agravou após ordem de prisão do candidato oposicionista Edmundo González. Não há nova data para o encontro. A decisão da Justiça da Venezuela, que atende a um pedido feito pelo Ministério Público do país, foi percebida como “inaceitável” e “péssimo sinal” por interlocutores próximos do presidente Lula.

O assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, afirmou que o pedido de prisão de Edmundo Gonzalez é “muito negativo” para a tentativa de diálogo em que Brasil e Colômbia vinham se empenhando.

O governo brasileiro avalia soltar uma nota oficial demonstrando preocupação com o aumento das tensões. Na prática, a apreensão é com a escalada autoritária do governo de Nicolás Maduro, mas assessores presidenciais apontaram um “dilema” para o Palácio do Planalto e o Itamaraty.

Ao mesmo tempo em que se pretende indicar claramente uma insatisfação com os últimos passos de Maduro, o objetivo é não levar a Venezuela para um isolamento internacional ainda maior e não romper completamente o diálogo.

O Brasil continuará sem reconhecer a vitória de Maduro e exigindo a apresentação das atas eleitorais, mas endurecer a estratégia — declarando a Venezuela uma ditadura ou tratando González como presidente legítimo – está fora de cogitação.

Auxiliares de Lula listam pelo menos três fatores para justificar a necessidade de manter pontes com o governo Maduro: Brasil e Colômbia têm amplas fronteiras com a Venezuela. Podem sofrer com uma leva de emigração e o aumento de tensões geopolíticas na região.

A embaixada da Argentina em Caracas, onde estão refugiados seis oposicionistas perseguidos pelo governo venezuelano, está sob custódia do Brasil neste momento. É necessário ter máxima cautela diante da responsabilidade de proteger esses cidadãos; enquanto houver uma chance de saída negociada, por menor que seja, preservar a capacidade de diálogo com Maduro pode ser um ativo mais adiante.

A capacidade de diálogo também pode ser necessária em caso de um agravamento ainda maior da situação política, tornando o Brasil um dos poucos países do Ocidente capazes de lutar pelo respeito a direitos mínimos de opositores do líder venezuelano.
Hoje, no Planalto e no Itamaraty, a percepção é de que Maduro não se dispõe a negociar e está convencido – com o aval de todo seu entorno – a manter-se no poder.

É uma diferença em relação à expectativa, alimentada após as eleições no dia 28 de julho, de que ele poderia abrir espaço para algum tipo de saída negociada em caso de confirmação de sua derrota.

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