Líderes do Centrão apostam que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai acelerar e ampliar o alcance da reforma ministerial após o último Datafolha, que mostrou o petista com a mais baixa taxa de aprovação de seus três mandatos (24%). As mudanças no primeiro escalão do governo estão previstas para as próximas semanas.
Expoentes do bloco avaliam que os números do Datafolha “jogaram Lula no mundo real”, o que deve fazer com que ele queira promover as alterações na Esplanada com mais celeridade. Além disso, acreditam que o petista terá, a partir do resultado do levantamento, que alterar mais peças do seu tabuleiro ministerial para atender ao apetite das legendas da base governista e para se blindar de um eventual isolamento no ano que antecede as eleições presidenciais de 2026.
Publicado na última sexta-feira (14), o Datafolha apontou uma queda expressiva da aprovação de Lula, além de um recorde do índice de reprovação. Até mesmo entre seus eleitores, os números são considerados preocupantes, de acordo com aliados do presidente.
Interlocutores do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), destacam que o paraibano, que reforçou o pedido para ter interlocução direta com o mandatário na semana passada, deve sugerir mudanças mais robustas no primeiro escalão do governo, que incluam alterações inclusive nas pastas alojadas no Palácio do Planalto.
Responsável pela articulação política do Executivo com o Congresso, o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), continua sendo alvo de críticas e é um dos nomes que o Centrão gostaria que fosse substituído.
Desafeto de Padilha, o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) ainda é considerado um nome crucial para entrar na Esplanada e “tentar ajudar” a melhorar o ambiente político.
A leitura de fontes consultadas pelo jornal Valor Econômico é de que Lula terá que ceder, ir além do que vinha sinalizando e contemplar partidos aliados com espaços mais relevantes.
“Não adianta uma reforma ministerial diminuta. É preciso mexer no tabuleiro, chacoalhar a composição da Esplanada. Estava prometido para janeiro e ainda não aconteceu. Só mudou a comunicação e de nada adiantou. Precisa mudar muito e fazer rápido”, cobrou um líder do Centrão.
Passada a reforma, o próximo passo será pensar em medidas que consigam dar fôlego ao ambiente econômico. Para lideranças do bloco de siglas do centro, as alterações no time de Lula não serão suficientes para atenuar a crise.
A agenda econômica precisará ser modulada, com a inclusão de medidas de cortes de gastos e que contenham a alta dos alimentos. Só assim, avaliam essas fontes, será possível recuperar os números de popularidade e iniciar a pavimentação de apoio a candidatura de Lula à reeleição no ano que vem — ou do nome que ele venha a escolher eventualmente para sucedê-lo na cadeira presidencial. As informações são do jornal Valor Econômico.