Segunda-feira, 21 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 10 de agosto de 2016
A Polícia Civil de São Paulo descartou que a jornalista Patrícia de Lélis, que acusa do deputado federal Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) de tentativa de estupro e assédio sexual, tenha sido alvo de sequestro e cárcere privado por parte do assessor parlamentar Talma Bauer. A jovem denunciou o caso também na polícia de Brasília.
Negociação da história.
Para chegar a essa conclusão, o delegado Luis Roberto Hellmeister levou em consideração três depoimentos. O principal deles foi o de Emerson Biazon, que se apresenta como assessor do PRB. Ele contou à polícia ter participado de toda a negociação entre Patrícia e Bauer, que envolvia o pagamento de 70 mil reais para que ela não denunciasse Feliciano publicamente por tentativa de estupro e agressão. Biazon afirma que recebeu de Bauer a quantia de 20 mil reais, na garagem de sua casa, e que o dinheiro seria entregue a ela no dia seguinte.
Outros 30 mil reais seriam entregues depois. “Eu ia entregar 20 mil a ela no dia 5, mas quando cheguei no hotel ela resolveu denunciar”, disse Biazon. Segundo ele, Patrícia chegou a receber 2 mil reais. Biazon entregou seu celular à Polícia, onde há vídeos e fotos em que Patrícia e Bauer são retratados em momentos de descontração, dentro do carro e em restaurantes.
A jornalista registrou dois boletins de ocorrência sobre o caso. A primeira denúncia foi feita contra o chefe de gabinete de Feliciano, e a segunda contra o deputado, em Brasília. Segundo ela, o crime aconteceu no apartamento funcional do parlamentar. Patrícia, no entanto, mantém a versão de que estava sendo ameaçada. “Tinha que mostrar que estava tudo bem, né?”, disse ela, à reportagem. O advogado da jornalista, José Carlos Carvalho, afirma que pretende pedir proteção para a cliente porque Bauer foi visto em Brasília.
Deputadas querem que a Câmara apure o caso.
O caso mobilizou um grupo de deputadas federais, que entregou ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) uma representação por quebra de decoro parlamentar contra Feliciano. Elas cobram a apuração das denúncias por parte do Conselho de Ética da Casa. “As denúncias são muitas, são muito graves, são cinco crimes embutidos, e queremos que a Casa apure”, disse a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) após a entrega da representação, assinada por 22 parlamentares.
Essa representação será somada a outra, que já está no gabinete do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. As deputadas do PT Erika Kokay, Margarida Salomão, Luizianne Lins e Ana Lúcia Perugini formularam um documento, de 18 páginas, em que pedem que o Ministério Público Federal apure as denúncias sobre o pastor.