Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 1 de agosto de 2021
Hollywood assiste a uma batalha épica: Scarlett Johansson, uma das atriz mais bem pagas, processa a gigante Disney por estrear Viúva Negra nos cinemas e na televisão. Um conflito que é apenas a ponta do iceberg da virada radical que está acontecendo na indústria do cinema.
Primeiro foram os proprietários das salas, depois, os diretores, e agora chega a vez dos atores. Grande parte do mundo do cinema não está de acordo com a aposta que os grandes estúdios estão fazendo pela televisão, acelerada pela pandemia.
Johansson, protagonista do filme mais recente da Marvel, processou a Disney na quinta-feira, 29, por descumprimento de contrato, já que assegura que o acordo que havia sido feito com o estúdio garantia uma estreia exclusiva nos cinemas e grande parte de seu salário estava baseado nos ganhos da bilheteria.
Viúva Negra conseguiu no início de julho a estreia mais lucrativa da pandemia ao arrecadar 80 milhões de dólares nos cinemas dos Estados Unidos. A empresa ganhou outros 60 milhões graças ao serviço pago Disney+, que ficaram fora do contrato assinado com a protagonista.
Mas em sua segunda semana, a venda de ingressos despencou até se transformar no pior lançamento da Marvel. Até hoje, a produção havia arrecadado 320 milhões de dólares em todo o mundo. Um valor baixo para uma franquia que alcançava os 900 milhões com facilidade.
Scarlett havia perdido US$ 50 milhões
Para mostrar sua decepção, Johansson mostrou uma troca de mensagens de 2019 em que a Marvel admitia que se os planos mudassem teriam que “chegar a um novo acordo”. O The Wall Street Journal estima que ela perdeu cerca de 50 milhões de dólares.
“Bom para ela. Muitos outros atores estão incentivando e apoiando Scarlett. Ela tem muito poder e isso faz com que esta seja uma discussão com visibilidade que põe a Disney em seu lugar. Ao fazer tudo em público, poderá mudar as regras”, disse um agente à revista Variety, sem revelar sua identidade.
Pouquíssimas estrelas têm apoiado Johansson publicamente porque se opor à Disney, o maior estúdio do mundo, é como
O fato é que a Disney esperou um ano inteiro para estrear Viúva Negra e, finalmente, optou por um lançamento híbrido em cinemas e televisão. A pandemia lhe caiu como um anel ao dedo para divulgar o streaming Disney+, concorrente da Netflix.
Em abril, o jornal Business Insider falou com diversos empregados da Pixar (propriedade da Disney) que estavam “desmotivados” porque seus dois últimos filmes, Soul e Luca, sequer passaram pelos cinemas e foram diretamente à plataforma televisiva. Algo que, anos atrás, era impensável para o estúdio de Toy Story.
Sua reclamação foi anônima por conta das cláusulas de confidencialidade que impõem os contratos de Hollywood.
Em dezembro do ano passado, a Warner Bros. gastou mais de 250 milhões de dólares para emendar contratos, alguns de estrelas como Will Smith, Denzel Washington e Gal Gadot. Mas nunca chegaram à Justiça porque a maioria dos acordos incluem disposições de arbitragem.
Quando o estúdio anunciou que estrearia todos os seus filmes de 2021 pelo HBO Max, as agências de atuação se revelaram e o diretor Christopher Nolan resumiu o sentimento de muitos.
“Alguns dos cineastas e estrelas de cinema mais importantes da nossa indústria se deitaram na noite passada pensando que estavam trabalhando para o melhor estúdio cinematográfico e acordaram descobrindo que estavam trabalhando para o pior serviço televisivo”, disse o cineasta, que trabalhava com a Warner Bros. desde 2002.
Igual ou maior é a insatisfação dos proprietários de cinemas, que além do coronavírus têm visto os próprios estúdios como outro inimigo.