Sexta-feira, 17 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 19 de maio de 2015
O condomínio Oasis, em construção na cidade de El Doral, na grande Miami (EUA), terá 132 casas com valor inicial de 1,5 milhão de dólares. Ao menos cem foram vendidas para uma nova categoria de estrangeiros que está injetando fortunas na economia local: os venezuelanos.
Fugidas da violência ou vítimas das medidas econômicas do governo socialista, milhares de famílias abastadas vêm se mudando para Miami e arredores, levando consigo economias pessoais e dinheiro para investir.
O número de venezuelanos legais nos EUA saltou de 91 mil, em 2000, para 259 mil em 2012, conforme dados oficiais. Cerca da metade vive na Flórida, e em especial em El Doral, apelidada de Doralzuela.
“Sempre houve venezuelanos em Miami, mas antes eles vinham a passeio. Hoje eles vêm para ficar”, diz o prefeito de El Doral, Luigi Boria.
Ecoando opinião unânime, Boria vê um salto no fluxo de chegadas desde 2012, no embalo da deterioração da situação na Venezuela.
O impacto econômico dessa migração ainda não foi medido, mas sinais saltam aos olhos, principalmente no setor imobiliário. Quase metade dos compradores latinos de imóveis na Flórida vem da Venezuela, 87% dos quais pagam em dinheiro vivo, diz a corretora International Sales Group.
Nova classe de clientes.
Em El Doral, quase todos os corretores são venezuelanos, para atender à nova classe de clientes, muitos dos quais não dominam o inglês.
Dos 2 bilhões de dólares investidos no projeto Midtown Doral, um complexo de casas e shopping em construção, 80% saíram do bolso de venezuelanos, de acordo com Boria. “Fala-se muito em El Doral, mas venezuelanos compram também em áreas centrais, como Brickell. Uns querem residências, outros usam como investimento”, afirma o corretor Francisco Angulo.
Outro setor visado pelos venezuelanos é o de exportação-importação. “É uma maneira de manterem contato com a Venezuela, onde muitos ainda têm negócios”, diz a consultora Maria Antonietta Díaz, especializada em amparar recém-chegados.
Venezuelanos também são grandes consumidores de artigos de luxo. “Minha melhor clientela estrangeira é da Venezuela”, diz Nelson Velez, gerente da seção Porsche na The Collection, uma das concessionárias mais exclusivas de Miami.
Na reluzente nova loja da Apple em Miami, o que mais se ouve é o sotaque dos clientes venezuelanos. A maior parte da comunidade é antichavista. Mas Miami também abriga boliburgueses, empresários que enriqueceram graças a contratos com o governo.
Mas Nem tudo é fácil para investidores venezuelanos em Miami. O empresário Alberto J. chegou há três semanas, mas já pensa em voltar para Caracas. “Transferir minha empresa para Miami está sendo muito mais difícil e burocrático do que previ. E minha mulher não gosta da vida aqui”, suspira. (Samy Adghirni/Folhapress)