Sábado, 21 de dezembro de 2024
Por Carlos Roberto Schwartsmann | 20 de novembro de 2024
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Na última semana, fui ao Rio de Janeiro para o 56º Congresso Brasileiro de Ortopedia.
No passado, na mesma cidade, o número de congressistas alcançou 8.000 participantes. Este ano estavam presentes menos de 3.000. O que aconteceu?
Os ortopedistas cansaram de trocar experiências, das novas tecnologias, de encontrar os antigos amigos?!
A melhor explicação encontrada é que estamos com medo do Rio.
Os ortopedistas, como todos, estão assustados e ressabiados pela violência que se instalou na cidade.
No ano passado no “Congresso Internacional do Pé” foram assassinados 3 colegas na Barra da Tijuca, por engano, por uma facção criminosa. Nosso colega Marcos Corsato recebeu recentemente, como homenagem póstuma, o nome da unidade de saúde Água Rasa em São Paulo.
O congresso foi na Expomag no centro do Rio de Janeiro. Ao redor, é impressionante a pobreza e a favelização da cidade. Fiquei imaginando várias vezes, a vergonha dos convidados estrangeiros.
Centenas de pessoas dormem nas ruas de Copacabana. Há dificuldade de andar sem pisar nos dejetos humanos e dos cachorros.
Ninguém se atreve a andar nas ruas após as 22 horas. Todos mantém seus celulares bem escondidos ou deixam em casa.
Bill Clinton quando visitou o País pela primeira vez, em 1997, em respeito ao que mais tinha impressionado no Brasil, respondeu: O contraste! “Os ricos vivem ao lado dos pobres. Os milionários ao lado dos favelados”.
Vinte e sete anos depois a situação piorou muito.
Naquela época, eram assassinadas 3 pessoas por dia no Rio. Hoje, cerca de uma dezena de pessoas são executadas. No “Rock in Rio”, foram roubados mais de 800 celulares.
Recentemente, houve execução em pleno aeroporto do Galeão. A polícia não sobe o morro!
Deus foi muito bondoso conosco. Nos deu a cidade mais linda do mundo. Em beleza natural as cidades mais bonitas que conheço são Sydney e o Rio. A diferença é que o povo australiano tenta embelezar ainda mais o que é belo.
Nós, brasileiros, estamos transformando o Rio numa cidade empobrecida, feia, mal cheirosa e perigosa.
Os ineficientes governos, as milícias, as facções criminosas, a impunidade estão vencendo e tirando o brilho natural do Rio.
Como diz o refrão da música de Gilberto Gil: “O Rio de Janeiro continua lindo…”, mas nunca foi tão assustador!
Carlos Roberto Schwartsmann – Médico e professor universitário
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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